terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Conteúdos de entretenimento

Há 15 anos atrás, eu peremptoriamente parei de assistir televisão, tudo nesse meio me agastava, os comerciais de 30 em 30 minutos, falsos esmoleres com seus circos midiáticos sobre a desdita de algum infeliz, as formas de entretenimento baixas, vulgares, mais além, eu não me identificava com nada do que eles mostravam... A lassidão dessa forma de mídia vil, eu a sentia cada vez mais pungente.

Querendo escapar dessa fealdade, busquei outros lenitivos para o prurido em minha mente por entretenimento, uma das causas da queda do nosso mundo moderno, a busca continua por estar entretido. Encontrei-o então na internet.

Lá, via gente como eu sendo mostrada, ideias inauditas propaladas, um manancial de liberdade longe dos olhos do vulgo. Pudera eu finalmente, identificar-me, controlar os conteúdos que chegavam a mim, impugnar a propaganda a que era exposto.

Agora, no entanto, vejo que  tudo isso rui ante o peso dos colossos corporativos, e todas as execrandas coisas que outrora fizeram-me abandonar a TV, todas estão presentes na internet atualmente. A turbamulta de censores puritanos, que guardam com sanha visceral a sacralidade dos valores modernos contra qualquer possível blasfêmia, que nós, os "não-iluminados", incultos, retrógrados, possamos excogitar. A quantidade nefanda de comerciais vertida em cada vídeo que assistimos, se na TV o intervalo entre as propagandas era de 30 minutos, nas plataformas de vídeo são de 5. Um predicamento tenebroso a todos que desejam entreter-se de tal modo.

Irmãos, não deixemos que essas mídias de massa conspurquem nossas mente, já fugimos delas antes, fujamos novamente! Fugimos porque a batalha da vulgaridade não é uma à qual valha a pena lutar. E, mesmo que lutássemos e vencêssemos, que ganharíamos com isso? Um modo mais apetecível de entorpecer a mente e desperdiçar tempo?! Não, nós já homens, não podemos pensar desse modo, não podemos querer preservar os grilhões da mídia de massa que nos escravizam, e nos enchem com a doce narcose do escapismo!

Que nosso entretenimento seja sóbrio, como nossa mente! Os livros sempre foram o modo mais salutar de entretenimento, não há censuras, nem propagandas, nem proselitistas insidiosamente querendo imiscuir ideias em nosso subconsciente. Apascente tua mente no maná livresco, onde homens insignes e santos falam diretamente a vós no elo indefectível da inteligência, onde antes mediteis em vossos problemas ao invés de esquecê-los. E que vossos espíritos sempre enxutos do torpor mídiatico, possam volitar à ação que deve ser sempre sequitur das ideias.

sábado, 5 de dezembro de 2020

2020

Um ano cheio de percalços, tribulações e desditas, mas ao contrário de outros, não serei leviano ao atribuir tais calamidades ao fado. Não, fora eu meu próprio guia para a escuridão, eu o artífice de meu decaimento, descendo ao tétrico sorvedouro onde minha alma sofre em agonia, por perder-se, esquecer-se de si e corromper-se miseravelmente, escrava dos sentidos e de minha mente irracional ávida por prazeres obliterando-se.

Houveram oportunidades para reflexões sobre nossa condição humana e a aquisição de alguma sabedoria.

E para não dizer que foi um ano ignominioso por completo, houve sim uma ascensão, que foi quebrada e então deu inicio a precipitação.

Comecemos pela precipitação e consequentes desvegonhas.

É preciso confessar, não venci os vícios da gula e da luxúria, ou talvez os tenha vencido mas foi temporariamente.

Luxúria, azorrague esbraseante que aflige o coração dos homens, escurece a alma, deturpa num significado vil o mais sacro ato de amor entre homem e mulher, o próprio ato da concepção, criação de vida, corrompido num mero ato estéril de concupiscência e egoísmo, defraudando qualquer nobreza imbuída aí pela natureza. Que esse vício seja desarraigado de meu ser, pois para mim é sevícia tenebrosa viver nessa Babilônia, e que dor mais pungente participar disso, cego pelo frenesi de meu sangue abrasador. Meu coração contrito sofre profundamente.

Rogo a Deus por uma boa esposa, a quem possa amar e constituir família.

A gula, signo patente do homem remisso, amador de prazeres, um dos vícios mais deletérios, destrói a saúde e a alma. Oferece-nos, não obstante, um exemplo diserto, de como o pecado é, se por um lado as comidas naturais com seu sabor sóbrio alimenta e constrói nossos músculos e ossos, por outro, as comidas artificiais, insalubres, oferecem aos cachões sensações várias, deleitosas, mas que nos enfraquecem, depletam nossa saúde, encurtam nossos anos, mais ainda, cobrem de fealdade o templo de nossa alma, o nosso corpo. Tudo em troca de sensações fugazes, uma fuga da realidade através do prazer dos sabores.

Prefira o alimento que contenha a vida ao invés de tua destruição, a sobriedade é preferível a intensidade.

Assim eu confesso, Deus há de alçar-me de toda essa iniquidade, Ele conhece os recônditos de meu coração. Está comigo, não me abandonará.

Esse ano outrossim adquiri alguma sabedoria como consequência de eventos fatídicos. Nomeadamente, perdi um ente querido.

Fez-me pensar em como erramos pelas eiras da mortalidade, preocupando-nos apenas conosco, negligenciando nosso deveres afetivos, ignorando quem nos causa fastio, exigindo perfeição, nós imperfeitos. Como as pessoas estão cada vez mais frias, como se importam pouco com os outros.

Como o cálido sentimento de amizade é dos mais valiosos e puros, símbolo da virilidade castiça. Quem tem amigos tem tudo que precisa, quem tem uma comunidade, tem raízes, e não é derrubado tão fácil pelos demônios modernos.

Hoje somos escalpelados, se demonstramos nossa humanidade, temos de viver segundo os padrões ditados pela mídia, pseudovalores, dissoluções, sinalização de virtudes e corrupção da alma, a sociedade atual não quer que tu pertenças a grupo algum, senão aqueles aprovados pelo sistema, os politicamente corretos, se não pertencer a esses, eles querem que tu sejas somente um "indivíduo" sem face, sem história, um bom consumidor.

Voltando a meu aprendizado de humanidade, eu creio que perdi um pouco a recalcitrância em demonstrar sentimentos benévolos, a apreciar as pessoas e suas qualidades, a aplaudir, a elogiar sem a pestífera solércia de alguém que busca algo em troca ou tem outro fim ulterior.

Minha alma tornou-se mais afável e agradeço a Deus por ver o erro de meus caminhos de antanho, nesse sentido, tornei-me mais humano.

Diante de tal elocução, devo também reconhecer que nem tudo foram trevas, busquei alteroso os ares excelsos e quase consegui. Antes da fraudemia fechar as academias, tinha vencido a gula e graças aos treinos corporais atingia a melhor forma física de minha vida. Atingia a disciplina também para estudar a sério um livro que há muito desejava. Tudo isso durou até junho. Daí em diante despenhei-me numa voragem descendente que conduziu-me ao oblívio que estou hoje, mas tenho saúde, tenho sabedoria, sei o que devo fazer, a virtude é tangível para mim, e para ti também nobre leitor que dignou-se a ler este humilde texto até aqui, Deus está contigo e te dará forças e virtudes para materializar a visão de tua alma nesse plano material, acreditemos na vitória e confiemos.

Salve Deus!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

A hora da decisão

Já sentiste arrependimento de uma decisão tomada? Digo, uma decisão consciente e ponderada, com base nas informações que dispunhas a época?

Se sim, não deverias. Mesmo que os resultados tenham sido catastróficos, se foi uma decisão racional e com base em tua intuição, então é uma decisão que jamais poderia ter sido outra senão a que escolheste.

Num sentido metafísico, é possível ver as decisões mesmo como uma parte intrínseca de seu ser, algo escrito em seus genes, afinal nenhum ser humano jamais possuirá todas as informações para tomar a decisão mais adequada em determinado momento. Muitas vezes contamos somente com nossa intuição, uma sugestão para uma escolha vinda propriamente da alma, mesmo nas menores questões. 

Decidir, e assumir a decisão, é imensamente mais probo que esconder-se, ou fingir ignorância, ou esperar que os outros decidam por ti.

Mais ainda, não deves envergonhar-te de ter seguido teus instintos e a sugestão de tua alma, tolos poderão vir a censurar-te por uma decisão não muito acertada. Mas decidiste-te, isso é o que importa, sem indecisão, tomaste a frente e trouxera à baila, tua alma, teus instintos. Não há motivo para vergonha. Se caíste por causa da decisão levanta-te, e continues a decidir-te sem medo, seguindo tua consciência, de acordo com teus genes, tua alma.

Pior que uma decisão errada é ter medo de decidir, é permitir que a paralisia da indecisão rasteje para dentro de seu coração, e deixar que outros decidam e tomem as rédeas de teu destino, e decidam por ti.

Teus dias na terra estão contados, em breve partirás, seja em 10 ou 60 anos, o tempo nosso bem mais precioso, escasso, para que não trabalhemos em materializar nossos sonhos e projetos de alma aqui nesse plano material, fazendo isso tornamos o mundo belo e bom, pois o que advém do espírito é sempre bom, se não o é, significa que há uma corrupção ou ilusão.

Construa a visão de sua alma no mundo terreno, torne o mundo melhor, essa visão que tu segues, que ela esteja em tua mente sempre, que ela seja a razão das escolhas que tu fazes hoje, que ela seja o magneto que te atrai para o futuro através de uma senda virtuosa de significado e propósito, o teu propósito é o propósito de tua alma, lute por isso e jamais envergonhe-te dessa luta e das decisões tomadas nessas batalhas.

domingo, 8 de novembro de 2020

Princípios das artes marciais

1 - Precisão: Também chamado de tempo, entabular um ritmo ofensivo e preciso, a precisão sobretudo como método de economia de vigor, cada golpe custa um pouco de seu vigor, quanto menor seu vigor menos efetivos são seus golpes, portanto não é aconselhável gastar vigor com golpes que não tenham grande probabilidade de acertar o adversário. É uma insensatez, numa luta, desferir golpes nos ar, a luta é sobretudo sobre que consegue fazer mais gastando menos energia possível.


2 - Cumulatividade de danos:

"O que favorece o inimigo me prejudica; o que me favorece prejudica o inimigo." - Maquiavel

Por menor que seja o dano ao inimigo, se ele for aplicado com constância, pode ser a diferença entre a vitória ou não, um golpe pouco contundente afeta pouco o inimigo, 50 golpes pouco contundentes afetam muito o inimigo, acontece que, entre o golpe 1 e o golpe 50, o guerreiro que os aplica pode perder a fé no dano que seus golpes pouco contundentes podem fazer, frustra-se e decide por golpes muito contundentes que tem poucas chances de acerto, assim depleta seu vigor e é derrotado. 
 
Aceite com humildade o poder do pouco porém constante. Qualquer golpe que acerte o inimigo, prejudica o inimigo. Não subestime o poder da cumulatividade de danos ao longo do tempo.

sábado, 31 de outubro de 2020

Nostalgia, a perdição dos milênicos

A celebração da nostalgia é um veneno para a mente, e parece que com dispositivos eletrônicos isso se tornou pior, vemos uma geração mergulhada na nostalgia, de como foram na infância e adolescência, recordando de modo constante tais épocas.

Celebrar o passado como fazem os atuais, eu vejo como extremamente espúrio, vede-os, como celebram o aspecto material das épocas, e os supostos valores, são simplesmente a ausência de valores, visto que os anos 90 e começo dos anos 2000 não foram tão politizados.

Eles celebram a alma da época, um materialismo inveterado, marcas comerciais, mídia de massa, e cultura popular sem qualidade alguma. E presos a essas memórias vão envelhecendo querendo consumir a mesma cultura de quando eram jovens, ou até mesmo vivendo do mesmo modo quando eram jovens, transformando-se em adultos precários.

''A maioria das pessoas relaciona quadrinhos a filmes de super herói agora. Isso adiciona outra camada de dificuldade para mim. Não vejo um filme de super-herói desde o primeiro filme do Batman do Tim Burton. Eles arruinaram o cinema e também a cultura em certo nível. Há vários anos eu disse que achava que era um sinal perturbador que centenas de milhares de adultos estivessem fazendo filas para ver personagens que foram criados há 50 anos para entreter meninos de 12 anos. Isso parecia indicar algum tipo de vontade de escapar do mundo moderno e voltar para a infância nostálgica e idealizada. Isso parecia perigoso, estava infantilizando a população."

https://www.gamevicio.com/noticias/2020/10/alan-moore-criador-de-watchmen-diz-que-filmes-de-heroi-arruinaram-o-cinema-e-a-cultura/

Assim entorpecidos pelo passado, esquecem-se de criar o futuro, de arrostar o destino de modo inexorável, de escreverem sua própria história.

O passado sequer existe de fato, se alguém eliminar um homem, elimina junto toda a percepção de passado que tal homem possui, suas memórias, e o mundo segue imperturbado. O que existe realmente é o aqui e agora, o homem deve construir sua história baseado em decisões concretas, o passado pode ser usado como parâmetro para previsões técnicas e reconhecimento de padrões, mas fiar-se ao passado por razões puramente sentimentais é um erro brutal, que custa ao homem tempo não vivido, e isso é o maior dos desperdícios.

O homem assim engolido pelo passado é como o drogado que tenta preservar sua felicidade imaginária a cada dose somente para retornar a um presente cada vez mais negro, sentindo sua juventude e  forças vitais desvanecerem com a chegada da idade.  O perdulário dissipando sua maior riqueza, o tempo.

Existe um modo saudável de cultuar o passado, encarnando em si os valores transcendentais, perenes, a virtude imutável, aquilo que o homem sente presente em seu sangue, instintos. Aquilo que não muda de geração em geração, tal qual gosto musical ou o que passa na TV, ou quem você era há uns anos atrás. Tudo isso é fraco e impeditivos da vida em todo seu esplendor, quem cultua o passado assim, já morreu.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Aparecer para o combate

Devemos fazer algo, não possuir mentalidade de vítima, que chora e se curva perante os paroximos da vida, sempre presa de um renovado algoz. Não, como homens não nos cabe viver assim, com o espírito recolhido.

Sim, não temos poder, e daí? Nosso dever é conquistá-lo, a vida é uma senda de batalhas e conquistas, não há como alguém afastar-se disso, doutro modo não poderá dizer que se vive realmente.

Aparecer para o combate da vida, contra aquilo que reprime seu espírito, reafirmar a vontade de viver, marcar sua presença aqui e agora, dar tudo de si pelo que tu acreditas, lutar o bom combate, colocando em cada gesto, ação, o impacto arrebatador de todo seu coração. Não há derrota num caso assim, mesmo que sejas destruído o próprio fato de tu consolidares tua alma no mundo real, isso é a própria vitória, externares teu espírito puro e divino, ao fazeres isso trazes um pouco da divindade à terra.

A Espada Atlante!

 


Um símbolo apropriado para tornar viva essa ideia.

Perseguido pelos lobos o escravo Conan adentra a cripta. Recebe o dom ancestral, a espada atlante, simbolizando o espírito, emerge da cripta um guerreiro, com a espada rompe as cadeias de sua escravidão. 

Eis a verdadeira liberdade dar largueza desabrida ao espírito, trazer sua essência ao mundo real.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Retifique suas palavras

Considere seu vocabulário, como isso afeta seu modo de pensar. Isso pode parecer críptico mas palavras carregam poder, senão poder físico, psicológico. Como pequenas incisões de energia na sua mente, pense de modo negativo por tempo suficiente e tua mentalidade se tornará negativa.

O mesmo se dá num plano estrutural maior, as palavra com as quais tu expressas pensamentos, mesmo teu dialogo interno, que é o que importa, qual a qualidade das tuas palavras? Qual a energia delas, a essência, o âmago? Tendem elas a que fim metafísico?

Supondo que um homem pensasse e falasse majoritariamente em jargão técnico de engenharia, poderia ele encerrar alguma poesia em suas palavras? Haveria beleza? Certamente não, se houvesse seria muito pouca, essas palavras porém o orientariam a um entendimento mais claro de sua ciência, a estrutura de seus pensamentos tenderia a se organizar de modo científico e distinto.

Não podemos supor o mesmo para o homem que fala de modo vulgar? Seus pensamentos se tornarão vulgares como reflexo do meio pelo qual os expressa. Não há beleza na linguagem vulgar, apesar dela ser mais fácil de transmitir um pensamento. Esse pensamento é rebaixado, como se um pintor usasse apenas tintas e pinceis de péssima qualidade em sua tela, por mais que ele fosse hábil ela não ficaria tão bela quanto se ele usasse materiais dignos de sua habilidade.

Com o tempo nossos pensamentos se igualam à qualidade de nossas palavras, e falando vulgarmente nossos pensamentos se tornam vulgares, fracos. A beleza revigora o espírito, buscando palavras belas, profundas, fortes, antigas. Assim distinguimos nossa verdadeira natureza da sujeira que é a vulgaridade, limpamos nossa mente daquilo que não é digno de nós. A beleza então pervade com mais facilidade todas as camadas de nossa psique.

Em verdade, falar de modo nobre é como aprender uma língua nova, infundir a nobreza em si através do idioma, um idioma belo, que não deveríamos jogar na lama sendo vulgares.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Homem não chora

Recentemente estava eu a rolar por posts recomendados numa rede social, quando me deparei com uma publicação de um "conservador de direita" relativamente famoso, que dizia que homens de verdade são programados pela natureza a não tolerar o choro de seus bebês.

Eu pensei "que tolice!", pensei igualmente que jovens impressionáveis ao ler tais argumentos e estudos que o tal indivíduo postara, poderiam ser levados a entender que aquilo é a realidade.

Pois, não é!

Quando um homem amadurece, e medita suficientemente sobre a natureza humana, é levado a considerar o que é ser humano, e certamente grande parte da humanidade é a capacidade de razão, mas outra parte, muitas vezes  desprezada ou deturpada, é a capacidade da empatia e formação de vínculos afetivos.

Inexistente, essa capacidade é desprezada pelos que pensam ser o homem uma máquina de guerra, com rígida face empedernida, em que não há lugar para fraqueza, diga-se sentimentos, mas dirige sua vontade somente para realizar as aspirações de poder e prazeres físicos, seu ego, e é indiferente aos que estão ao seu redor, e os vê somente como ferramentas ou degraus.

Quando existe, essa capacidade é deturpada por aqueles que a usam com fins maquiavélicos, fazem os sentimentos naturais do homem de afeição para com os seus, serem transpostos para completos estranhos, como classes supostamente vitimizadas, celebridades, etc. No fim, o homem com os sentimentos assim deturpados luta com mais ferocidade e amor por esses estranhos que por sua própria família e amigos.

O homem que não expressa seus sentimentos de modo idôneo é um tolo, que desperdiça sua vida e humanidade. Ou que tolhe seus sentimentos devido as convenções sociais modernas que comandam frieza e malícia, convenções das mais detestáveis que houveram por reger qualquer sociedade. 

O sentimento quando demonstrado em nossa sociedade, amiúde tem interesses egoístas, é eivado de segundas intenções, também há os que amam de modo suspeito, ansioso e paranoico, sempre esperando uma traição, nunca confiando totalmente, nunca se entregando ao sentimento e vivendo-o com a inocência e plenitude com que a natureza o fez nascer em nosso peito.

Mais torpe ainda, o amor em nossa sociedade tingiu-se de conotação sexual, o amor fraterno, filial, a amizade pura e simples, são desdouradas em favor somente do amor sexual. É o que é martelado constantemente na cabeça dos jovens, por todas as mídias possíveis. O amor sexual como fim derradeiro das relações humanas, como status social, como felicidade última, é um triste fim, não admira que esse tipo de amor sendo a base dos relacionamentos atuais, falha até mesmo naquilo em que deveria ser um dos pilares, o casamento, estamos na era do divórcio e da infertilidade.

O amor deve ser demonstrado, constantemente, claramente, o homem jamais deve conter um impulso amoroso e demonstração de carinho para seus amigos e familiares, o reforço dos laços afetivos é uma lei na natureza entre os animais sociais. E com que prazer e inocência eles se entregam ao amor filial! Nisso são superiores a nós.

E não está a história recheada de exemplos de heróis e colossos de virtude masculina que derramaram lágrimas por amigos e familiares ou por reencontros e despedidas? 

Do meu parco conhecimento de história clássica tiro exemplo da Ciropedia de Xenofonte. Onde o príncipe Ciro, paradigma de masculinidade e bom líder na antiguidade chora ao se despedir de seu avô e amigos na corte da Média para voltar a corte da Pérsia onde estava seu pai:

"...dizem que nenhum voltou sem lhe correrem as lágrimas. Ciro também se apartou debulhado todo em pranto, e por seus coetâneos distribuiu muitos presentes dos que Astíages lhe havia dado..."

E das esperanças de seu avô que Ciro correspondera posteriormente de modo brilhante:

"Astíages, além do afeto que lhe consagrava, nutria-se de grandes esperanças de que ele havia de ser o sustentáculo de seus amigos, o flagelo de seus adversários."

Ciro era espantosamente generoso com seus amigos, sabia ele que um homem sem amigos é um miserável, uma presa, uma vítima, um errante, num deserto destinado a definhar solitário. Sabia que a fonte de seu poder não era o ouro, mas a lealdade de seus amigos.


Dar largueza às suas emoções legítimas é a garantia de uma mente saudável e aberta, fazer o sentimento aflorar em si é a concretização de um propósito, o propósito humano.

Estar no seio de uma comunidade de iguais que se entendem e se apoiam, onde há confiança social, empatia, coesão. Um homem em tal meio jamais estará desamparado.

Já o homem neurótico, reprimido, estressado, da cidade grande, que não conhece a amizade, egoísta, esse sempre será um indivíduo, atomizado, vulnerável a qualquer predador.

É um homem sem face, apenas uma engrenagem substituível do sistema, ele não tem história, não tem cultura, e mesmo a artificial personalidade construída por ele, baseada em consumismo e mídia de massa é uma farsa, um combalido construto que ele fervorosamente espera, ao mostrar ao mundo em alguma rede social que há somente cliques, seguidores e seguidos, haja alguém que aprecie.

E não se enganem caros amigos, nós de fato vivemos num mundo efeminado em que a masculinidade é suprimida e condenada, e por não termos mais um padrão por qual nos medir como homens bons, por vezes demagogos ou simples ignorantes querem estabelecer um padrão de masculinidade irreal e desumanizador, cabe a nós lembrar que a epítome do que é ser homem já foi estabelecida por nossos ancestrais. Para sabermos o que é ser homem devemos saber quem foram, Xenofonte, Platão, Marco Aurélio, Ciro, Odisseu, Leonidas, etc.

Ciro


sábado, 17 de outubro de 2020

Homem lança-te à ação

Homem lança-te à ação, não há mais tempo a perder. A vida é preciosa. Carregue todas tuas ações com o peso de teu espírito. A capacidade da contemplação é divina, use-a para trazer à tona teu verdadeiro Eu, tu és um oceano profundo insondado. Porque se contentar com as águas da superfície quando o todo de sua alma permanece escondido, suprimido? Quando esqueces de buscar tua verdadeira essência, quando te entregas ao que um mundo iníquo te oferece como alternativa. A vida material só adquire sentido quando permeada pelo poder de teu espírito, que se manifesta através da contemplação ativa.

Expressada através da antiga cosmovisão germânica de desafiar constantemente o destino, não deixar nada para ele decidir, arrojar-se com denodo brandindo a espada do espírito e cravá-la no corpo do destino até o pomo, a despeito das consequências, numa explosão constante de força vital. Existe desprendimento maior? Existe fidelidade mais pura à própria alma, a si mesmo?

Tua missão é escrever o livro de tua história com nobreza. Com a pureza de sua alma, a centelha divina. Comandar teus sentidos e não ser comandado por eles, não desperdiçar a vida com distrações ignóbeis, consciente de sua virtude, o que te põe à parte, num mundo de cegos conduzindo cegos. Pense nos valores que hoje são ditos por bons, são aceitáveis para ti, ou és de uma natureza mais nobre? Ou tuas virtudes são outras?

Os valores atuais desaparecerão com a nossa era, os valores eternos hoje esquecidos pela maioria, mas não por ti, encarne-os. A verdade transcendente está ao seu alcance se te guiares pela natureza de teu espírito.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Se tu és um homem saudável, tens o dever de preservar-te

Se tu és um homem saudável, tens o dever de preservar-te, a saúde enquanto pode-se desfrutá-la é uma dádiva dos céus, e é muito trágico ver pessoas trilhando o caminho da autodestruição hedonista, algo que nossa sociedade incentiva.

Fomos feitos para florestas agrestes, planícies infinitas sob firmamentos desabridos, o ar transcendente da montanha e a doce maresia das benévolas praias de nossa terra.

O contato com a natureza nos banha nas leis sempiternas às quais todos estamos submetidos na condição de mortais, nos lembra que nossa vida acabará em breve, mas ao mesmo tempo nos incita à vida verdadeira, queimar a nossa vida com a flama da vontade, imprimindo no mundo por pouco que seja a realização de nosso verdadeiro Eu. A verdadeira alma.

Como Nietzsche dissera; escrever o poema de nossa vida com sangue. Ou seja, a entrega total a própria natureza, o sangue como símbolo da individualidade perfeita e essência do homem, o fluído vital, um sangue forte que se inflama nas veias e traz ação ao mundo, traz o verdadeiro espírito do homem à luz da terra. O símbolo da unidade de seu ser.

A dissolução é o contrário, é o símbolo máximo da nossa era, a dissolução contra a qual devemos lutar, quando perdemos nossa essência, quem realmente somos, nossa visão embaciada pelos confortos e distrações, o sangue se torna aguado, a vontade se dissipa, a verdadeira natureza obliterada.

O conforto como arma de dissuasão. Tudo que o sistema oferece em profusão, entretenimento eterno. O homem se entretém não só das suas preocupações, ao buscar isso, ele se entretém de si mesmo, a mente estando nessa situação precária de torpor espiritual, revolta-se, e assim constatamos as altas taxas de doenças mentais no mundo moderno, suicídios... Não são doenças em si, mas sintomas, um modo da mente dizer "homem, abandona esse estilo de vida doentio, sê fiel a ti mesmo".

A dissolução da verdadeira natureza, do Eu, é a arma pela qual a cultura moderna desarma o espírito do homem, e o integra a massa conforme. 

À lúrida sedução dos vícios e confortos modernos, a esse canto nefasto das sirenes, ao qual Odisseu tivera de se amarrar no mastro de seu navio para não ceder, isso também um símbolo. À mórbida dissolução através do prazer, poucos homens tem a hombridade de resistir. Seja um daqueles que escreve a vida com seu próprio sangue, a morte não parecerá mais tenebrosa.


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

O deserto

Jesus errou pelo deserto 40 dias, essa austeridade a vemos comumente praticada pelos sábios e ascetas ao longo da história. Antão, Milarepa, Gautama, Bodidarma, entre outros.

E não há melhor meio de purificar-se, enfrentar o próprio reflexo, higienizar-se mentalmente, do que retornar a natureza, estar na profunda solitude, nas brenhas eternas onde nossos ancestrais passavam inevitavelmente horas em contemplação ativa. Com a mente focada, una. O passo de seu ritmo mental era vagaroso, seletivo, e permanecia por horas a fio na resolução de um problema, ou no estudo da própria alma.

Os demônios que se levantam da escuridão de nosso inconsciente. Nos ermos eles não tem poder. Nas vastidão agreste onde estamos sós em contemplação, os demônios vem nos tentar, como tentaram Jesus e os outros. Mas estando sós, sem distrações, em contemplação, adquirimos o poder de derrotá-los, pois na vastidão nada há além de nós, nossa alma impoluta, e Deus. Os demônios perdem seu poder, e o homem consegue enxergar a natureza ilusória de seu poder mais claramente.

Como Siegfried ao derrotar o dragão Fafnir, o homem que derrota seu ego retoma o controle de sua mente e torna-se invulnerável às vicissitudes do mundo, impérvio aos assaltos das ilusões da consciência, assim como Siegfried tornara sua pele invulnerável ao banhar-se no sangue do dragão.

Mais facilmente nos ermos enfrentamos nossos dragões, por horrorosos que possam ser, são ilusões sem poder, se os vermos através dos olhos de nossa alma, nosso verdadeiro Eu, despido das cracas dos vícios e pecados que se acumularam pelos anos, veremos que nosso espírito se agiganta perante todas as ilusões e as destrói, se por ele passamos a viver e agir.

Deus está conosco, se escolhermos a virtude.

domingo, 11 de outubro de 2020

A dor silenciosa da alienação, e da solitude eterna

A dor silenciosa da alienação, e da solitude eterna, pestilência do homem soçobrado nas ruínas do mundo moderno, cá estamos amigos, na hora mais franca, onde olhamos com sinceridade o abismo que existe dentro de nós mesmo, com sua feiura e hediondez, não devemos fechar os olhos, nem desviar o olhar. 

Lá eles estão, todos os pensamentos e sentimentos mesquinhos, torpes, pusilânimes e iníquos. Todos os traumas, compulsões e medos. Não os renegamos, eles estão lá, reconhecemos, nem mesmo os suprimimos como pensamentos. Caminhamos a despeito de tais pensamentos e sentimentos, reconhecemos a fragilidade humana, Mas isso não nos detêm, porque não é o nosso verdadeiro Eu.

Todo homem, quando ciente de sua própria essência, sabe o que fazer para torná-la mais forte, qual senda trilhar e sofrimentos sofrer. Quando seu Eu é ofuscado, por toda sorte de impulsos animais, corrompido por uma sequência infinita de estímulos através de mídias, o homem angustiado busca conforto na saciedade da lascívia, gula, acídia, que são convenientemente apresentados a ele pelo sistema como o bem supremo, o perpétuo conforto, entretido até a morte.

Mas o homem que vive assim jamais encontra saciedade ou plenitude, pois não é da natureza do vício outorgar plenitude ao viciado, o vício é como o chantagista que uma vez que tu o pagaste, ele te deixará em paz durante um tempo, mas ele sempre retorna exigindo mais. E toma, para além de sua saúde, finanças e reputação, o tempo, o bem mais precioso do homem.

A juventude desperdiçada. É a maior tragédia que pode assolar um homem. E assim assola o homem que não conhece a si mesmo. Ou que nem ao menos tenta conhecer-se, não busca qualquer introspecção, que não mergulha profundamente em si, no seu espírito, mente, essência, e volta com a luz mais pura perante os olhos, uma luz que não se extingue e o acalenta pelos períodos mais conturbados de sua vida. Ele traz essa luz divina do seu verdadeiro Eu ao mundo material. Tinge o mundo com sua cor verdadeira, quintessencial, a contribuição de seu espírito para a beleza do mundo.

Quando tem a essência de seu espírito em perspectiva, o homem torna-se consciente de seus pensamentos ruins, não os reprime, apenas deixa-os minguar como sintomas de uma doença que começa a ser curada, como a planta que outrora privada da luz solar, agora banhada em seus cálidos raios, recupera seu verdor. Assim é o homem fiel a sua verdadeira natureza, o espírito que é a centelha divina.

sábado, 3 de outubro de 2020

O perdão como mecanismo psicológico de regeneração e cura

O perdão como mecanismo psicológico de regeneração e cura, do esquecimento do rancor que aleija o homem impotente que não pode se decidir à ação, seja por distância temporal ou espacial, o rancor essencialmente como uma tela vítrea pela qual toda luz do mundo que chega a tua mente é tingida pela angústia, o ressentimento do dano recebido, a ansiedade de não poder retorquir, e o culto desses sentimentos nefastos numa mente que se torna cada vez mais perturbada até o ponto de quebra.

Ao se focar e ressentir do dano recebido o homem involuntariamente atrela a existência do ser por ele odiado à sua própria, sempre remoendo o passado, sua ferida, e sua raiva que o consome, assim ele sofre constantemente, sofre por seu rancor, sofre por não obter a exação de sua vingança tão anelada.

Um perpétuo sofrer, um perpétuo anelar.

Ainda mais, uma perpétua lembrança do ser odiado. Ora porque alguém manteria em sua mente a imagem de seus inimigos senão em vista da vingança? 

Ou seja, para usar o ódio como energia. 

Mas o ódio consome a pessoa que o sente, nunca será saudável, tirar energia do ódio é o mesmo que queimar a própria vida, a verdadeira coragem vem do amor.

Quando a vingança torna-se inverossímil, ou um fardo demasiado pesado para carregar, o homem pode escolher desatrelar de si a figura de seu ofensor, e todos os sentimentos nocivos atrelados a ele. Em verdade o perdão é um modo de deixar para trás um evento traumático, esquecer, recomeçar, soltar o fardo de sentimentos negativos. Nesse ponto o perdão se torna panaceia de quem perdoa e não do perdoado, um dos modos de não desperdiçar sua vida em ódio e rancor, pois como dissera o adágio "rancor é como tomar veneno e esperar que outra pessoa morra".

domingo, 13 de setembro de 2020

Sempre que sobre ti recaírem as trevas da auto-destruição

"O peixe usa água para pular fora da água." - Provérbio Zen

Sempre que sobre ti recaírem as trevas da auto-destruição, culpa, vergonha e fracasso, em vez de engajar-te em comportamentos viciosos ou de ferir-se a si mesmo, canalize essa energia ruim para a punição de si mesmo, mas um tipo diferente de punição, puna-se com disciplina e austeridades que são nobres, abstenha-se dos prazeres fúteis que alimentam seu ego, substitua-os por uma disciplina estrita nos estudos e práticas marciais.

Puna-se alienando-se de deleites e aderindo àquilo que enobrece e ao mesmo tempo é repelente ao ego indolente. Assim fazendo tu transformas dejeto em ouro, vais de algo péssimo para algo excelente para sua saúde.

O valor punitivo ainda está lá, será ainda dor e contrição, mas que terá um propósito e valor rumo a uma existência plena e farão os sentimentos ruins desaparecerem, se praticado com constância.

sábado, 12 de setembro de 2020

Reflexões 3

Existem certas imagens ou cenas que se mantidas em tua mente são capazes de mudar o teu destino, são como aguilhões que te impulsionam avante, quer tu queiras ou não, têm um alto poder sugestivo e se tornam molas para a ação, vai em conformidade com o velho adágio "tu te tornas naquilo em que tua mente se foca", isso é realmente vetusto, os antigos faziam uso desse mecanismo psicológico na religião ao impregnar a mente do homem com as ideias de Deus e as virtudes com os mantras e orações.

Os sonhos porém, eu diria que são os maiores detentores desse poder de sugestão, pois neles as ideias e imagens se apresentam de modo tão vívido que inflamam todas as paixões do homem, seja para ascensão ou decadência. Pode ocorrer o mesmo também com pequenos acontecimentos na vida real aos quais se atribuam o significado de sinais e presságios.

Ao homem suficientemente atento, nunca haverá falta de significado na vida cotidiana, afinal o éter é sempre loquaz e faz-se presente através de pequenas coisas.

Mas eis o fado do homem, esquecer-se dessas pequenas coisas e também dos sonhos mais inflamados e ideias persistentes que com o passar do tempo não mais resistem, pois a impressão que causaram no espírito se desvanece à medida que novas impressões se alojam na mente, assim, o poder sugestivo das impressões originais se torna cada vez mais fraco.

Para manter o espírito aceso é necessário ter consigo imagens, mementos que mantenham a impressão que se quer preservar viva, as ideias, repassá-las na mente diariamente, assim essas ideias que são as molas de ação da virtude, jamais se enferrujarão.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Reflexões 2

Existe um sabotador na mente de todo homem, uma voz, um sentimento, que mina todos os seus esforços e enche sua mente de dúvidas e negatividade. Um derrotismo completamente inútil, que no fim, somente é seu ego tentando preservar a si mesmo da batalha, das agrestes abrasões de si com a realidade, mas são essas mesmas dificuldades que alçam o homem da mediocridade e o tornam nobre.

Um momento de coragem e iniciativa que não é comum entre seus pares e que pode te granjear recompensas mas que tem ao mesmo tempo um bom risco de ridículo e talvez de alguma perda material, na tomada de decisão, mormente o ego se coloca na defensiva, é contra qualquer ação que possa expô-lo ao escárnio alheio ou mostrá-lo como indesejável, se o homem o ouve, preferirá ficar anônimo entre a massa sem face, contente com o status quo, isso pode parecer confortável, mas tem um custo, esse é o da alma do homem, pois sua alma se materializa no mundo através de suas ações que são naturais a ela, que ele as negligencia por medo de expor seu ego às batalhas da vida, ele se omite a si mesmo, recusando a dor necessária para o crescimento como ser humano, da qual derivam as ações que o tornam único e que perfazem a completude de sua alma nesse plano terreno, tudo isso em troca do prazer vulgar das massas e o conforto de ser apenas mais um na multidão, ser normal, numa época em que ser normal é entregar-se a toda sorte de vícios da alma e do corpo.

No fim, se ouvirdes o ego, e buscares apenas o prazer e o conforto, chegarás ao fim dessa existência somente com um sentimento de vazio e nulidade de propósito, tendo em conta que sua passagem pelo plano material fora em vão.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Reflexões 1

Muitas vezes o homem é arrogante no que tange seus objetivos, ou se alcança uma vitória completa e idealizada ou ele é tomado por uma apatia inexorável e solta as rédeas do seu destino, deixando-se levar pela maré do acaso.

Muitos não tem a humildade de reconhecer que porventura suas contribuições para a completação de seus ideais serão exíguas ou pequenas, desanimam.

Remete a parábola do que pequeno pássaro que tenta apagar o incêndio na floresta carregando água em seu bico, esse no entanto persevera, ao contrário do homem acima mencionado.

Quando o ego obseda a mente tendemos a achar que nossos princípios e esforços são em vão por serem humildes e portanto descartáveis e indiferentes, mas não são. Acontece, mormente, que não conhecendo a extensão de nossas forças ou talvez desejando que elas fossem maiores, ou nossas aptitudes fossem mais glamourosas, a apatia e desencorajamento faz o homem descair nas voragens do niilismo, e assim sendo, perde seu verdadeiro 'eu' nas trevas do vício e indolência.

Mas quem faz e trabalha, na medida de suas forças, para o avanço da virtude no mundo e em si, esse se iguala em nobreza a príncipes e cavaleiros. Perante Deus e o universo, não há diferença metafísica no valor da ação, o valor ontológico é atribuído à proporção e não à quantidade.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Não tenhais pena de vós mesmos

Homotimos, não tenhais penas de vós mesmos no combate diário contra a mediocridade e a dissolução do verdadeiro 'eu', que se constrói através da disciplina constante, nada pode parar o espírito que se arroja à um escopo com todo o ardor e comprometimento que possui em si. 

 

A disciplina é sagrada e fortalece o espírito; ao mesmo tempo é frágil e se dissolve com ligeireza, uma vez consolidada a sua disciplina, um homem deve fazer quanto puder para proteger seus hábitos salutares da perdição da procrastinação e o mal que essa desencadeia. 

 

A disciplina deve ser protegida, um dia deve se parecer com o outro, porque o que é proveitoso, tornando-se hábito, fortalece o homem, e um cotidiano assim deve ser conservado e cultivado, para que a força e o espírito ampliem seu alcance na existência humana.

domingo, 6 de setembro de 2020

Desencorajar

Quando um homem perde sua coragem, ele perde seu coração, sua essência, seu centro, afinal a palavra coragem tem por raiz etimológica a palavra coração:

 

Do francês courage.
Do latim *coraticum (cor + -atĭcum): associação entre a palavra latina cor, que tem como um dos significados a palavra coração, e o sufixo latino -atĭcum, que é usado para indicar a ação da palavra que o precede. A palavra latina cor, por sua vez, pode ser derivada da raiz indo-europeia kerd-, da qual derivaram tanto a palavra grega kardia (καρδία) – em cujo significados encontram-se coração, a vida do espírito (pensamentos e sentimentos) e também, por analogia, o meio, mediania – quanto a palavra latina credere, que corresponde a crédito, confiança e compromisso.
 
 

Isso nada mais é que a descrição física do sentimento, sente-se um vazio no peito, como se um deserto gélido houvesse materializado onde outrora o homem guadara seus mais diletos sentimentos, o vazio enregelado que agora grassa por todos os seus membros convergindo por fim em seus pensamentos, e tingindo-os de agonia e terrores supremos, tornando-se vítima dos mais variados espectros que agora habitam em sua mente, toldando-lhe a visão, para tudo o mais de valor, egoisticamente renegando tudo em troca de uma existência mesquinha e pérfida, as vezes não muito longa.

 

«Disse-lhe Pedro: Ainda que sejas para todos uma pedra de tropeço, nunca o serás para mim. Declarou-lhe Jesus: Em verdade te digo que esta noite, antes de cantar o galo, três vezes me negarás. Replicou-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. Todos os discípulos disseram o mesmo.» (Mateus 26:33-35

«Prendendo-o, eles o levaram e introduziram na casa do sumo sacerdote; e Pedro ia seguindo de longe. Eles, tendo-se acendido fogo no meio do pátio, sentaram-se, e Pedro sentou-se no meio deles. Uma criada, vendo-o sentado ao lume, o encarou e disse: Este também estava com ele. Mas Pedro negou, dizendo: Não o conheço, mulher.» (Lucas 22:54-57)  

«e vendo-o a criada, tornou a dizer aos que ali estavam: Este é um deles. Mas de novo o negou.» (Marcos 14:69-70)

«Logo depois se aproximaram de Pedro os que ali estavam e disseram-lhe: Também tu és certamente um deles, pois até a tua fala o revela. Então começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem (Mateus 26:73-75)  

«Logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo. Virando-se o Senhor, olhou para Pedro. Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Hoje antes de cantar o galo, três vezes me negarás. E saindo para fora, chorou amargamente.» (Lucas 22:60-62


 

O homem sem coragem é o homem sem amigos, não há de ter amigos certamente por seu desvio de caráter e não há de ter coragem por não ter amigos à respaldá-lo e apoiá-lo. É emblemática a expressão "ficar sem chão", pois o sentimento que conjura para o medroso é exatamente esse, não ter raízes nem suporte, estar a mercê de qualquer força premente externa, por leve que seja.

 

E assim como o coração some, some também o sangue, nada há a correr nas veias, isso para além do sentimento físico é também simbólico, ao sumir o sangue também some a linhagem de um homem, sua ascendência, nega-se a virilidade, a firmeza moral que trouxe seus genes até esse ponto na história, nega-se a própria história pessoal atrás de si.

 

Ao perder a coragem o homem perde seu amor, pois quando racionalizada, a coragem somente pode erguer-se do amor, um amor profundo e altruísta. O medroso pensa somente em preservar a si mesmo a qualquer custo. O que ama, ao contrário, sabe que é necessário fazer sacrifícios por aquilo que ama, seus amigos, sua família, sua tribo. Que o apoiarão assim como ele os apoia. Quando o covarde é apoiado mas não apoia, ele defrauda esse amor que fora depositado em si. Defrauda decerto porque nunca efetivamente amou, apenas gozava alegria efêmera junto dos que o amavam.

 

Medo algum supera o amor, o homem que ama e é amado, não teme, mesmo que sejam necessários todas as forças do seu espírito, contra inimigos titânicos, e em face a aniquilação certa, o que ama possui a pedra filosofal, que converte amor em coragem. Essa é a razão pela qual o amor é a base da maioria das religiões, pela qual a mulher mais frágil luta ferozmente pela sua prole, o homem dá a vida pela sua família, irmãos, amigos.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

A disciplina fortalece o espírito

Dentre as forças desagregadoras do espírito e que causam maior desordem em ti, a indisciplina, a fraqueza de sua alma, que dá azo a toda sorte de vício e dissolução, tua perdição começa quando tu não observas aquilo que para ti mesmo decidiste como assisado.

Descaindo então de um vício a outro, da acídia à lascívia, desta à gula, da gula à indolência, desfigurando de tal forma teu verdadeiro ser, vai-te levado pelas águas do tempo hodierno, qual todos os desvairados que se tem por "normais". Paixão após paixão, êxtase após êxtase num encadeamento profano. 

Eis a vida do niilista, que na terra somente vive para seu ego. O mundo começa e acaba em si, assim é o homem que vive para prazeres. Teus cabedais de deleites hão-de esvair-se, que sobrará senão uma casca tíbia, pobre em espírito e sabedoria; irresoluta, acossada pelos terrores pânicos, uma mera sombra do que fora um homem de verdade?

Abundante em força e totalmente plena porém, é a vida do homem símplice, que entra com a prática dos ancestrais, fortalecendo-se em disciplina, as vicissitudes da vida a ele não atemorizam, vive como homem, cai como homem, em honra, ciente que sua vida não é desperdiçada com prazeres vãos que são acessíveis a qualquer um, e que mesmos os animais tem em comum com os humanos, prazeres vulgares.

Os prazeres, justos e nobres do homem disciplinado, ele os tem em comum somente com outros homens tão nobres quanto ele. A maestria em uma arte, a vitória sobre um obstáculo hercúleo, o domínio sobre si, o conhecimento de si, a constância e resolução no cumprimento de seu verdadeiro eu, a perfeição do espírito e a obtenção da virtude e sabedoria.

Nada disso se pode comprar, nada disso é efêmero, nada disso é acessível ao homem vulgar. Somente o que se dispôs a grandes labores, e depois de ter feito grandes correrias, e se aplicado às magnas disciplinas, e longas contemplações.

Digo-te, cria tua rotina, teus exercícios, adira ferrenhamente a tais práticas, não percas mais dias pois os dias são escassos e os trabalhos para teu espírito são muitos, e triste será se a morte chegar antes que tenha sublimado tuas potencialidades, e tiveste gasto os seus anos e forças, na busca de simples prazeres vulgares que em si não encerram valor algum, nem podem ser o significado da vida.

Homotimos, se vos interessais, convido-vos a visitar minha página no twitter, pois que lá voltei a postar, e muito folgaria de entreter-me convosco, que sois nobres e justos:

sábado, 16 de maio de 2020

Medo

Não devo temer.  Medo é o assassino da mente. Medo é a pequena morte que traz obliteração total.  Eu enfrentarei o meu medo. Permitirei que ele passe sobre mim e através de mim.  E quando tiver passado, eu vou virar o olho interno para ver seu caminho.  Onde o medo desapareceu, não haverá nada.  Só eu permanecerei.

Litania Bene Gesserit, 

Frank Herbert, Duna

Te faz jazer na zona de conforto sempre, aniquila qualquer força viril do espírito, corrompe tua própria essência e te aparta da vida, como a natureza o intendera. No fim, o medo redunda na auto-preservação a qualquer preço, a aversão à dor, e o sequestro do espírito e a catividade deste eternamente ao plano material e suas consequências, incapaz de transcender a mesquinharia do prazer e dor terrenos, assim é o espírito preso pela ignorância de si mesmo, e da natureza como um todo, sem espírito de sacrifício nem por si nem por outros, somente pusilanimidade. O medo é o êmulo efêmero ctônico da sempiterna honra celeste. Mas tal qual o demônio que se cinge de ilusões para homiziar sua verdadeira natureza e fazer parecer o seu inverso, o medo aleivoso constrói químeras em tua mente e imagina a honra transcendente como algo totalmente imaginário e uma vil existência terrena como tudo o que há ou houve no universo. Somente o homem sábio e virtuoso consegue enxergar a realidade, mas eu to digo, como amigo, a coragem vale a pena é rara e tinge a vida do homem bom de variegados belos tons, o medo porém é somente uma imensa gradação de cinza e negro, ubíquos em todas as eras e lugares por onde viveram homens nada dignos se nota senão de piedade. Viver preparado e meditar na grande travessia, e ter ombridade quando a hora chegar. Eis o influxo de coragem.

Medo do próprio julgamento

Muitas vezes te coíbes, desacreditas de teus próprios sonhos, temes que os reveses façam tua consciência, de ti o maior algoz, mas de novo, quem é o locutor dos insultos e imprecações que contra ti em sua mente se lançam? Seriam o medo, a mesquinharia, a pequenez, o desejo de se contar entre os homens que são aprovados pelos valores contemporâneos? Porque ao invés não ouves o espírito!? Porque não segues os nobres e grandiosos exemplos dos antigos, nossos pais!? Porque o medo e o vício se alojam em ti, e o permites porque deles provêm prazer terreno, e essa é a grande batalha de todo homem, alijar-se das constrições do medo, e ser fiel a si mesmo, aos sonhos divinos, que são sempre bons, sempre virtuosos, que nos agraciam Deus e a natureza.

Os sonhos cobram um preço

Trabalhos, sacrifícios, determinação, grandes correrias, determinação, sangue, e por fim toda a vida. Não subtraia de ti essa grande jornada, não a deixe de trilhar, pois essa é a sua natureza, não deixe a idade avançada chegar e tudo o que pudeste fazer em teus verdes anos foi somente gozar prazeres carnais estupefacientes, embrutecedores e vis. Siga o caminho.

Necessidade da declaração

HEFESTO
 A linguagem que tu empregas vai bem com teu íntimo.

Prometeu Acorrentado, Ésquilo

Tua natureza exterior deve refletir tua natureza interior o máximo que puderes fazer. O espírito necessita expressão, e nossos tempos, são senão os mais vulgares de todas épocas. Imitar os costumes atuais é garantia de se perder. Em tudo deves ser diferente dos que vivem hoje, ao invés da vulgaridade escolha a nobreza, invés do comum escolha o raro, do fácil o difícil, do venal o merecido, da corrupção a virtude, em tudo siga a sabedoria antiga, para assim lançar as fundações de uma nova. O espírito necessita expressar-se, que essa expressão seja a mais nobre e reflita sua natureza.

domingo, 19 de abril de 2020

Exercícios do eu lírico

O calor de teus olhos penetrava o imo de minha alma, e tuas doces palavras agora um som melífluo longínquo. E homiziado em trevas encontro em deleitosas lembranças, uma cálida e moribunda esperança. Destinado a morrer só, num monturo de degeneração, longe de tua presença impoluta que me justificava o existir e purificava um mundo, para mim, abjeto.

Nada mais anseio, nada mais me anima, coberto pelo negror de tua ausência, enraízado em solitude profunda, que sentido pode haver nessa vida terrena separado de ti?

Somente a álgida lua vela comigo nessas horas de estertor, e as solitárias estrelas seguem-me nessas sendas desoladas, distantes do calor solar de teu espírito, ó minha amada!

O tempo em seu letífero fluxo tudo há de esmigalhar, que sobrará então senão espectros indistintos da efêmera passagem de nossa vida? 

Encerrada na luta eterna, a quintessência de todos os valores e nobrezas, dissolve-se e resume-se novamente, o eterno retorno, que conforta-me deveras, na ciência do que senti outrora, sentirei novamente, numa outra vida talvez...?

domingo, 12 de abril de 2020

Aprenda a operar sob o ódio alheio

Muitas religiões apregoam que as pessoas que odeiam, são na verdade ignorantes da verdadeira natureza do mundo e de Deus. Isso talvez seja verdade, mas quando se trata de relações pessoais isso se figura de outro modo a meu ver.

Muitas vezes pensamos que pessoas que nos odeiam ou querem mal, o fazem porque realmente não nos conhecem, não sabem de nossas qualidades ou verdadeiros sentimentos.

Mas a verdade é que na maioria dos casos, mesmo se a pessoa conhecesse os recônditos do teu coração, ela continuaria a te odiar.

A razão? Miríade de fatores, todos quais tu não tens controle algum. Talvez alguém parecido contigo tenha machucado essa pessoa no passado, talvez ela odeie a sociedade e tu representes a sociedade em seus olhos, talvez a maldade seja algo que dê picos de dopamina a essa pessoa e odiar e oprimir alguém outorgue a ela um prazer nefasto.

Afinal, a humanidade não é parcimoniosa na produção de indivíduos assim.

Para que essas pessoas parassem de te odiar, tu terias que corromper tua natureza e desviar totalmente de quem és. Para alguns até isso, converter-te ao campo delas, não seria suficiente, elas quereriam ver-te derrubado, alquebrado, humilhado, com todos teus sonhos estilhaçados pelo chão.

Que fazer perante isso? Apesar de ser doloroso, tens de aprender a aceitar o ódio e a maldade das pessoas, é uma realidade do mundo. Além, ser odiado por alguns tipos constitui um signo de honra no homem bom.

Operar na busca de teus sonhos, sob o ódio alheio é uma necessidade, aprender a ignorá-lo como a um ruído branco, e a rejeitar a negatividade, é uma dura lição.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Lute para vencer

A vitória reforça a si mesma. A vitória, pelo menos uma, desanuvia o caminho do sucesso, dissipa a incerteza, traz a confiança do caminho certo e dos sacrifícios necessários para atingi-lo.

A mente torna-se una, focada no objetivo, e as duvidas já não tem azo na mente do homem que experimentou a vitória e sabe o que é necessário para obtê-la.

Não seja um NPC. Exaura sua individualidade, vá até o limite das tuas potencialidades. Não se contente com a mediocridade ou ser "normal". Queime a chama de seu espírito nos seus sonhos e atos. Seja fiel a ti mesmo.

Nos jogos de computador ou console, NPCs(Non Playable Characters/Personagens não jogáveis) são os personagens que estão no jogo apenas como parte da ambientação, são intercambiáveis, não há nada de especial neles, eles são a média de um determinado mundo, a morte ou vida deles nada significa senão como parte do roteiro de um sistema.

Outro dia eu estava a comentar com um colega de trabalho, sobre como eu estava sendo indolente com meus estudos depois do expediente, então ele interveio:

— Mas que dizes meu caro? Mais certo é que um trabalhador como ti, após a estafa diária, indulgencie-se nos refestelos que mereces, seja nos ígneos reflexos do vinho ou nas leves trivialidades do entretenimento que nos faz esquecer o pesadume de uma rotina ordinária.

Nessas palavras eu vira um convite à mediocridade, como se por eu ser trabalhador e me alquebrasse na lida diária, isso escusasse minha indisciplina com meus estudos, e com aquilo que eu amo, meu espírito, meu verdadeiro eu, e justificasse minha embriaguez com as distrações do mundo, com as "diversões" nada construtivas, que se destinam na nos distrair de quem realmente somos, a nos distrair de nossas vidas.

Eu dissera então, ironicamente:

— Por justo confrade, tendes razão, afinal que bem fazem ao operário estafado, os doutos tomos e meditação nos vetustos valores já desvanecidos? Folgar-me-ei com vinho, teatro e donzelas, sempre que puder.

Disse isso por não querer justificar a ele as razões ulteriores de eu não me corromper com a diversão espúria moderna, mas a fala dele, indiretamente, como em um dialogo socrático, fizera-me ver o erro dos meus caminhos e como ao negligenciar aquilo que nós amamos, seja por dificuldade ou cansaço, nós abdicamos quem nós somos para nos tornarmos pessoas sem alma, potencialidades que nunca serão plenas pois estão entretidas, entretidas até a morte. Domesticados pelo pérfido porém sedutor chamado do conforto, aquele que mata o espírito e os sonhos.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Overdose de estímulos


Pessoas que nascem cegas jamais tem esquizofrenias ou psicoses, em comparação com as que se tornam cegas durante a vida ou tem histórico familiar de esquizofrenia:


Uma das características dos esquizofrênicos é não saber diferenciar se os estímulos sensoriais captados por seus sentidos, são reais ou não. Essa ausência de distinção de estímulos sobrecarrega a mente do indivíduo, fazendo-o eventualmente perder sua sanidade.

Ao invés nos indivíduos nascidos cegos, ao que parece, a consciência dos estímulos e de onde eles vem torna-se em geral muito superior que a da população saudável e mais ainda em relação aos esquizofrênicos.

Essa ordem, essa distinção cirúrgica de onde os estímulos vem, parece protege-los dessa doença mental específica.

Seria então necessário pensar, a estabilidade, ordem e constância, é o que os protege? É o que nosso cérebro necessita e busca? O equilíbrio e estabilidade?

Nós vivemos numa sociedade que nos afunda numa profusão de estímulos sensoriais, onde nenhum dia é igual ao outro, onde o culto a novidade é o apanágio do homem que busca um pico de prazer após o outro, essa busca incessante estímulos, desordenada, caótica, até o fim da vida, sem nenhum escopo próprio senão alimentar o ego e a carne, de maneira profana por vezes, afinal pensam eles, melhor que os picos de dopamina no intervalo de tua vida sejam muitos e variados e quanto mais melhor, a despeito de qualquer escrúpulo cultural, espiritual ou moral. Tudo é válido.

Não surpreende que nossa época seja a que mais consome antidepressivos e outros tipos de medicamentos dessa sorte. Que homem pode ser saudável assim? Os corrompidos certamente e os que engendraram essa sociedade espúria que vivemos. A maioria sofre, sequer percebe que sofre, uma pílula traz a "felicidade".

O niilismo mata o homem.

Mas uma pergunta sincera é premente ao homem fazer a si mesmo. Pelo que viver? E se os niilistas estiverem certos e o que reina no universo é o caos? Talvez estejam certos, mas certos indícios na natureza revelam que o caos pode existir, mas o que mormente se vê é a tendência da natureza a distinção e ordem, como no exemplo acima nosso cérebro busca e tenta se adaptar em função da perda de um sentido e como o caos sensorial prolongado leva o homem a perda de sua mente. O ciclo circadiano, o equilíbrio nos biomas, a homeostase em nosso corpo. Vários, são os indícios de que a natureza busca a ordem e estabilidade, como efígie de força e saúde.

Ressignifiquemos nossas vidas e sobretudo, tomemos as rédeas de nossas mentes, que muitos entregam de bom grado ao vício e dissolução, nossa sociedade é corrompida e os indivíduos maus usam a tecnologia para alienar o homem de sua verdadeira natureza que é divina e transformá-la na massa sem face, sem identidade, sem história, e esquizofrênica, que são os homens modernos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

União através do sofrimento

Nada une mais as pessoas de boa índole do que sofrerem juntos, está encapsulada mesmo nos votos de casamento, o sofrimento conjunto reforça os laços fraternais e amorosos, é uma necessidade, através das vicissitudes da vida constatar a nobreza da fidelidade, devoção, abnegação.

E desse modo tornar o casamento e a amizade, não apenas em instituições vazias de substância, meros rituais sociais, feitos e desfeitos ao bel-prazer de veleidades egoístas. Mas sim um poderoso laço que nem mesmo a morte desfaz, uma união capaz de arrostar leviatãs e as hostes demoníacas da dissolução degenerada, encarnada nos valores modernos.

E dois tornam-se um, uma só carne, um só espírito. A família, o sangue, dos quais eventualmente heróis apolíneos, fulgurantes como o sol, surgirão.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Pensamentos vãos

Nós somos bombardeados todos os dias com trivialidades, inutilidades e negatividade, que poluem nossos pensamentos ao longo do dia.

O vetor desse lixo mental são mormente as mídias a que nos expomos, enchendo nossa mente de tranqueiras supérfluas, as quais involuntariamente nos pomos a meditar.

Acabe com o ruído, não desvie sua mente dos pensamentos que são naturalmente dela, e que provém do espírito.

A desintoxicação digital é necessária para que os pensamentos que são verdadeiramente nossos, voltem a correr em nossa mente.

Um jejum de dopamina, uma vez por semana, ao menos, fique 24 horas sem ligar nenhum equipamento eletrônico, e veja como seus pensamentos naturais voltam a fluir.

E nos outros dias, principalmente, evite acessar noticiários e redes sociais. E veja sua necessidade de estar atualizado arrefecer... e sua mente se purificar e se tornar produtiva.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Mais um ano

E tudo parece estranho, novas experiências, confirmando velhas ideias, sentir-me compelido a aquiescer à fragilidade humana, e também a sua fortitude, às batalhas que não podemos nem vamos vencer e observar as estruturas e padrões mundanos se repetindo sem fim, seria esse o eterno retorno de Nietzsche? Não, o eterno retorno deve ser algo mais complicado que isso.

Tornar-se consciente de que a vida humana é breve, expurgar os demônios do coração, se arrepender, avançar, ascender e cair de novo, o ciclo eterno, a condição do homem.

Roger Scruton morreu, o filósofo da beleza, confesso que nunca li nenhum livro dele. Apenas assisti ao seu documentário, e sobre a beleza dar sentido a vida, eu concordo totalmente, premissa inclusive adotada por Nietzsche quando se referia a arte.

Lutamos enquanto temos força nos membros, e quando não tivermos mais? E quando tivermos somente nossa mente por nós? Essas perguntas me assombram as vezes.

E quanto ao que construímos de material nesse mundo, de que vale? Em cem anos pouquíssimos de nós seremos lembrados por nossas obras materiais. Em 1000 anos ninguém sequer saberá nossos nomes. Até mesmo nosso milieu cultural será lembrado como uma época de insanidade e vulgaridade.

Mas há uma mensagem nossa que atravessará os éons e infinitude de espaço e tempo, nossos genes. Em 1000 anos nossa mensagem genética, em sua boa parte ainda estará nessa terra, se os humanos existirem.

Por isso que, a despeito da virtude e da moral, materialmente falando, nossa família é importante, são nossos mensageiros através do tempo e espaço.

A vida é mais completa e plena quando se constrói uma família. Essa é a missão do homem, pela eternidade.