quarta-feira, 29 de maio de 2019

Das milhares de luzes que rutilam em nosso caminho

Das milhares de luzes que rutilam em nosso caminho, que podemos escolher, que podemos inteligir? Esses sóis distantes, mas eles são vários e cambiantes, e tão sedutores, numa hora seguimos esse, noutra aquele, seus brilhos iridescentes nos atraem no negror escabroso do firmamento, centelhas de esperanças, que estão lá, podemos vê-las e saber de sua existência, mas seu calor não nos alcança. Que há de bom em sabermos que existem, que há de bom em sermos obsedados pela beleza fulgurante porém pequena e calçada pela distância sidérea infinita? Nossa mente se dilui, deixamos de ser um só com nossa consciência.

E se na fria e tétrica noite nos perdemos por miragens, vagando por espectros luzidios, pontos inatingíveis em estrelas variegadas, o arrebol jamais se nos deslinda e à noite seremos fadados.

Mas se ao invés nossos olhos se voltarem ao sol eterno, massivo e cálido, próximo a nós, tangível, que nos banha com seu calor benévolo e ilumina as escuridades em nossa alma e não somente resvala nossos sentidos de maneira vã. Esse é o caminho da transcendência e fidelidade ao espírito, a unidade, a disciplina, a devoção, e ao seguirmos esse astro-mor com olhos vivos, pode sim nossa consciência transbordar em nosso ser.

Nossa mente una, nosso espírito fiel, a consciência verdadeira.

O ego se dissipa.

sábado, 25 de maio de 2019

A angústia que toma meu coração

A angústia que toma meu coração
Devasta a alma em tormenta fatal
De dor em horrenda ligação
Irradiando consternante mal

De teu rosto o balsamo porem
Busco em éons profundos
De minha solitude rajada além
Tuas palavras em doces mundos

E teu calor longínquo
Que fremente anseio
Em sentimento profícuo
Teu deleitoso seio

Minha amada serena
Soltaste minhas mãos
Esvaneceste lua plena
Deixaste-me lúgubres irmãos

Nas trevas vago
Choroso e perdido
Refém do danoso mago
No sentimento tido

Que nao retornará
Como tu benigna fada
Que nao mais me aquecerá
Enviaste-me ao tétrico nada

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Meu espírito se quebra como vagalhões sobre os promontórios do mundo

Meu espírito se quebra como vagalhões sobre os promontórios do mundo, se erige novamente, se quebra novamente, no ciclo das mudanças eternas que por fim levarão meu cadáver às entranhas da terra e só o que restará é o espírito.

Minhas ações logo serão esquecidas pelos outros. Não para mim porém, em mim elas se tornarão parte do que eu sou e minha consciência se transmutará em inexorável verdugo ou benévola comendadora. 

E meu dever é permanecer fiel. A lealdade como mais alto valor, à minha própria alma e ao ser superno, cujos laivos transparecem nas pinceladas de nobreza que por vezes me vejo as voltas.

E no mar de vilezas que meu coração possa ser puro, e que a macula do vício e torpeza hodierna jamais o toque.

terça-feira, 21 de maio de 2019

O ego carrega em si todas as tempestades do espírito


O ego envenena seu verdadeiro eu com falsas necessidades, precipitando todos os vícios em sua mente como consequência. É uma identidade que não existe, o obscurecimento pela vaidade, arrogância e identificação com o mundo material.

Quando o homem é o que ele foi designado pela natureza para ser; racional, todas essas falsas identificações desvanecem, restando somente o verdadeiro eu.

Mas na corrida de ratos do mundo material, a ilusão penetra tão fundo em nossas mentes, que senão por árduos exercícios de ascese, desprendimento e precipuamente reflexões, poderemos abandonar por fim a ilusão do ego.

Todo o ruído sem fim da tecnologia, tornando nosso pensamento difuso, nossa existência difusa, lançando nossos pensamentos aos vórtices caóticos de fragmentos de informação, nunca profundas e certamente nunca importantes, nos alienando de nossa capacidade de meditar profundamente, e realizarmos o verdadeiro eu.

Impossibilitando nossa mente de focar, de se tornar una, hierárquica, espiritual. Antes, o caos da modernidade impele as mais baixas sensações e veleidades à proeminência de nossa estrutura mental, protelando ou anulando aquilo que realmente deveríamos nos concernir.

Silenciemos pois esses barulhos informacionais, silenciemos pois essa tecnologia mórbida que nos aliena de nós mesmos, e conspurca nossa mente, voltemos aos bosques e aos céus estrelados e ao silêncio confortante da natureza.