sexta-feira, 31 de julho de 2009

Incoerência

Notícia

Ok,vamos analisar isso pela lógica fria, analítica e comum a todos.

O que eu não consegui entender, foi qual o delito que essa senhora cometeu, afinal ela não impunha sua "cura" a ninguém, ela apenas oferecia tratamento aos que a procuravam voluntariamente, aqueles que se sentiam incomodados com a sua "opção" sexual, e queriam voltar ao gênero sexual que a natureza deu a eles.

Na condenação dessa mulher eu só consigo ver um significado, uma vez gay, eternamente gay, não porque se quer, mas porque agora o sistema imporá isso, nenhum psicólogo poderá te ajudar se você for gay e querer deixar de sê-lo.

O individuo gay será forçado a sê-lo pelo resto de sua vida, porque o movimento gay e o sistema judiciário e legislativo brasileiro, quiseram assim.

Por acaso esse tipo de coisa é qualquer coisa diferente das leis homofóbicas que proibiam os gays de se assumirem um século atrás?

O conceito é o mesmo.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Rótulos e moralidade

Dos artistas que ouço, muitos deles são repetitivos, alguns no bom sentido outros não, parece que uma vez que rotulam sua música, ela tem de manter-se fiel ao rótulo até o fim. Os motivos são vários, fidelidade a uma sub-cultura, lucro, amor aos fãs entre outros.

Poucos artistas são capazes de ousar, poucos são descompromissados, e poucos colocam a criatividade acima de tudo, poucos tem culhões para isso.

Acho que esse é o problema de misturar arte e dinheiro, quero dizer, uma vez que você ganha muito dinheiro com um álbum escrito de certa maneira, muito dificilmente você irá mudar esse estilo porque as perspectivas de dinheiro turvam sua mente. Ainda que seu espírito te incline a mudar de estilo.

Rotular-se é a pior coisa que um artista pode fazer, exceto se quiser levar alguma causa ao peito ou coisa parecida, mas na arte pela arte, o rótulo é coisa nociva.

Na arte é onde o homem atinge sua liberdade plena, pode fazer o que quiser, não há limites, os rótulos deturpam isso e põe grilhões nas suas juntas.

O que se diz dos rótulos pode-se dizer da moralidade(ou politicamente correto).

É tolice querer analisar a arte numa perspectiva moral, a não ser que ela seja posta em certo contexto, a arte é amoral, ilimitada, infinita.

Moralizar a arte ou censurá-la, é escravizá-la, ou rebaixá-la ao nível vulgar, nenhum juiz de direito jamais terá legitimidade em julgar qual arte é boa ou não, porque a arte está além do poder dele, ele pode fingir que julgou, pode mandar prender o artista, mas a arte será sempre livre, a arte é mais poderosa que a repressão da democracia brasileira, e nenhum juiz jamais conseguirá destruí-la.

Todo meu apoio a Danilo Gentili:

http://danilogentili.com/

http://twitter.com/DaniloGentili

Viva a liberdade de expressão, abaixo a censura na internet.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Ilusão

Sinistro como um fúnebre segredo

Passa o vento do Norte murmurando
Nos densos pinheirais;
A noite é fria e triste; solitário
Atravesso a cavalo a selva escura
Entre sombras fatais.

À medida que avanço, os pensamentos
Borbulham-me no cérebro, ferventes,
Como as ondas do mar,
E me arrastam consigo, alucinado,
À casa da formosa criatura
De meu doido cismar.

Latem os cães; as portas se franqueiam
Rangendo sobre os quícios; os criados
Acordem pressurosos;
Subo ligeiro a longa escadaria,
Fazendo retinir minhas esporas
Sobre os degraus lustrosos.

No seu vasto salão iluminado,
Suavemente repousando o seio
Entre sedas e flores,
Toda de branco, engrinaldada a fronte,
Ela me espera, a linda soberana
De meus santos amores.

Corro a seus braços trêmulo, incendido
De febre e de paixão... A noite é negra,
Ruge o vento no mato;
Os pinheiros se inclinam, murmurando:
- Onde vai este pobre cavaleiro
Com seu sonho insensato?...

Fagundes Varella

Visitação



Obgleich von tiefem Glück beseelt
Destarte inflamado por profunda felicidade,
Ich in deinen Armen schlief
Eu adormeço em seus braços,
Plagten mich die schlimmsten Träume
Consternado por horríveis pesadelos,
Packten mich und schmerzten tief
Embalado em dor profunda.

Förderten mein Leid zutage
Revelando minhas dores,
Aus der tiefsten Seele Grund
Das fundas paragens da alma,
Rissen mich aus meinem Rausche
Fendido em minha embriaguez,
Rissen meine Narben wund
Alquebrado em minhas cicatrizes doridas.

Von schweren Ängsten heimgesucht
De pesada angústia possuído,
An deiner Seite aufgewacht
Ao seu lado despertar.
Fand mich im schönsten Träume wieder
Descubro-me em belos sonhos novamente,
Liebkoste dich und küsst dich sacht...
Ao acariciar-te no doce beijar...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

M.M.D.C.?


Coisa interessante a revolução constitucionalista de 32 ser comemorada com uma parada da PM.

Interessante também que o governo enastre com louros a memória dos revoltosos. E que autoridades e a mídia os tratem como heróis.

Ironia...

...É que exatamente as mesmas autoridades que nos pedem que sejamos cidadãos cumpridores da lei e pessoas de bem, e seu instrumento de repressão, a PM, sejam os loadores-mor dos revolucionários.

As autoridades, que negam o direito aos brasileiros de possuir armas de fogo, que negam o direito a revolução, que exigem obediência absoluta às suas cortes. Autoridades que nos encaçapam em um sistema de cartas marcadas onde nós, os cidadãos comuns somos os únicos a perder, ainda sim, eles tem a empáfia de nos pedir obediência absoluta a república e seus poderes e ao mesmo tempo obsequiar o legado daqueles que ousaram contestar e combater esse mesmo sistema que as autoridades representam.

Já pensaste o que seria da revolução de 32 se os egrégios revoltados tivessem ouvido a "voz da razão"? Deposto suas armas, seguido a lei, ido para suas casas ao anoitecer, ou mesmo, tentado mostrar sua revolta por vias "legais"? O que aconteceria se eles tivessem ouvido as autoridades, as cortes, os juízes...?

Nada.
Nada teria acontecido, não haveria revolução nenhuma, não haveria história.

A alma subserviente está fadada a escravidão, nunca cometa a ingenuidade de pensar que você deve seguir a lei todo o tempo. O próprio sistema hodierno existe como tal senão pela violência, pelo receio dela.

Apenas a violência ergue e derruba impérios. Veja o seu próprio cotidiano, a polícia existe para infundir o medo, não para te defender, defender-te em algumas ocasiões é o mínimo que a polícia faz para que você seja uma ovelha feliz.

Mas o principal papel da polícia é fazer com que você siga as leis, as leis que foram criadas por poderosos para que eles se mantenham no poder, não se engane, as leis servem apenas para manter o sistema, a ordem, e qual é a ordem das coisas? Você na base e eles no topo, e essa ordem é mantida através das leis, e as leis são mantidas pela polícia e a polícia as mantém... pela violência.

- Se você descumprir a lei que te mantém servo e peão, nós vamos te prender.

Presunção da violência.

Terror.

Por isso quando digo que o Estado se mantém pela violência, não exagero. Essa mesma violência que matou os quatro jovens M.M.D.C., essa violência que matou os mais de 1000 constitucionalistas em 32.

Por isso acho uma ironia os mesmos que, hoje, se acontecesse uma revolta similar a de 32, seriam os primeiros a reprimir, fazerem paradas e homenagens aos ousados de 32.

32 foi uma revolução do povo, não da polícia, não das autoridades, e só ao povo ela pertence.

o espírito rebelde não morreu.

Salve M.M.D.C.

Abstração

(Aviso: Pieguice e sentimentalismo exacerbado, alguns podem desgostar.)

Fui pagar uma conta no centro comercial.

Na fila do caixa eletrônico, meus olhos percorriam o lugar, numa abstração própria a que me dedico quando se trata de assuntos inferiores como dinheiro.

Então paro em uma bela senhorita que almoça na mesa de um restaurante próximo.

Não percebi, mas era ela.

Não a via há muito tempo, mais do que eu gostaria.

E subitamente os humores começaram a condensar-se em meu peito, e meus pensamentos não passavam de um borrão. Ela tem esse efeito em meu espírito, até hoje não consigo entender isso, mesmo sem vê-la há tanto tempo.

E meus olhos fixaram-se naquele ponto celestial entre as trevas que rodeavam o mundo moderno.

Talvez esse fosse o sentimento dos ultraromânticos brasileiros quando sorviam nesses laivos de poesia que ocasionalmente a realidade nos outorga em forma de mulher, quero dizer, para os que tem a (in)felicidade de vislumbrar nos suaves contornos de um rosto feminino,algo que inspire tamanho poder sobre si.

Talvez certas belezas não sejam feitas para a fruição alheia, que não a dos Deuses.

Se esse for caso, ai de mim, pesado é o fardo que me aguarda.