domingo, 24 de março de 2019

Destino eu te sigo!

"Schicksal, ich folge dir! Und wollt' ich nicht,
ich müsst' es doch und unter Seufzen thun!"

"Destino eu te sigo! Se não o quisesse,
eu teria de fazê-lo, mesmo que em lágrimas!"

Nietzsche, provavelmente citando algum estóico, Aurora, 195.

Curiosa a impressão que temos, quando confortáveis e saudáveis, protegidos pela sociedade e circunstâncias, parecemos esquecer a natureza mutante do mundo e universo. E mesmo não a queremos.

Que tudo é mudança, tudo deve mudar. Porque a vida necessita disso, e tudo que é estático e permanente ou é Deus ou é o nada, o vazio. Na verdade ambos.

Que a saúde se tornará doença, que a juventude, velhice, que a vida, morte. E a morte, vida de novo. Que a nossa existência se concatena com o todo, a natureza.

Que apreciemos a juventude e força que a natureza nos dá, e realizemos a tarefa de viver dignamente, como homens, fiéis ao verdadeiro Eu, a centelha divina, a razão. E não como animais corrompidos. E não lamentemos a morte, a doença, o decaimento, pois essa é a natureza do mundo, que afeta a todos igualmente, e a vida se revigora através desses ciclos.

A mudança virá. Que não desperdicemos nossas vidas vivendo-as levianamente, indignamente.

quarta-feira, 13 de março de 2019

O que é o amor?

A despeito de todas as divagações poéticas ou especificidades neurofisiológicas, do ponto de vista psicológico, é onde o amor se deslinda em toda sua pureza cristalina e distinta.

O amor filial, fraternal, religioso, platônico, todos derivam de uma mesma força humana e divina e são consubstanciais em certo grau, a diferença são os meios pelos quais o amor como força primeva inocula-se na alma de um indivíduo.

Uns conhecem o amor em sua pura forma através de Deus, dos pais, da esposa, dos filhos, dos amigos, de uma ideia, etc...

O amor entre homem e mulher de que deriva a família, sustentáculo do tecido social de toda nação forte, é o que mais tem-se obscurecido com o avanço da era da escuridão tecnológica que homizia a luz da virtude em nossa civilização.

Tem-se tornado somente uma ligação sexual travestida de sentimentos indistintos ou nenhum sentimento, uma espécie de recreação supérflua, despida de qualquer significação maior que o prazer animalesco das mais baixas funções biológicas. Como respirar, dormir, comer, etc...

Aqui o homem divorcia-se da sua centelha divina, que o eleva sobre todos os outros animais, o Logos, a racionalidade, a significação, o mito.

A prática do amor moderno é desumanizante.

O amor entre homem e mulher é delicado pois deve ser construído e mantido, passadas todas as paixões, o que restam são dois humanos com visões de mundo próprias, egos distintos, e interesses que porventura colidem.

Mas se bem me lembro um aforismo de Nietzsche, "a união de homem e mulher deve ser para a criação de algo superior a eles mesmos" e nessa criação envolve-se a morte de seus egos e subjetividades anteriores, na consagração da vida e a natureza, na união de suas carnes e espíritos que se materializa no recém nascido.

Mas além desse símbolo material-espiritual que é a criança, o amor entre homem e mulher é a conexão profunda, uma flama perene de um sentimento por excelência superior que envolve todo o intelecto e coração.

Jamais será supérfluo, pois se eleva a condição de um estado de espírito, harmonia plena entre animus e anima, e conjunção das essências dos sexos, com uma metafísica própria.

Sem essa ligação inexorável não existe amor, existe uma farsa que nos querem vender hoje, em seu projeto de engenharia social e destruição das nações e tipos humanos, o amor verdadeiro é um ato de resistência e revolução contra o mundo moderno.