sábado, 30 de janeiro de 2016

Perdoem-me

Perdoem-me, oh confrades, essa demorada ausência, nada mudou realmente, as cousas vogam como quer o fluxo do destino, e eu vou, às vezes de bom grado, às vezes arrastado pelos grilhões do fado, assim como qualquer mortal. Sempre atentando em não perder minha honra, pois quão fácil é nessa época de prazeres, nós deixarmos a virtude escapar e nos tornarmos menos que seres humanos. Até agora consegui, não sem esforços hercúleos, sem nenhum par para me vigiar, afinal vivo no monturo da sociedade moderna, mas antes, tenho em mim meu supremo fiscalizador, minha consciência, ubíqua em seu olhar onisciente perscrutando os arrabaldes mais negros de minha alma, e me condenando com veemência fanática e cruel, por meus defeitos humanos porém evitáveis, porque eu sei melhor do que agir como um animal.

Os Deuses derramam suas graças sobre mim, e honestamente, sobre qualquer homem que esteja disposto a percebê-las, pois, eu ainda não encontrei razão teológica que ressoe, no entanto, parece claro que os Deuses favorecem o caminho da virtude, qualquer mente não corrompida pelo niilismo doentio moderno o vê. Seguir a vontade dos Deuses é gratificante, por mais que esteja consciente da infinitesimal pequenez do meu ser e da humanidade perante o universo, as dimensões cósmicas, os outros seres inteligentes e superiores que habitam o tempo e espaço, e por fim os próprios Deuses, todos os indícios parecem apontar que sim, os Deuses se importam conosco, com o nosso modo de viver, com o nosso espírito. Levando isso ao peito, eu consigo arrostar esses turbilhões malignos de degeneração que assolam o mundo moderno, mas não hão de mover-me, pois minhas raízes são profundas, e elas não gelam, jamais.