segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dona Domingas Rodrigues, Cuiabá - Pantanal, 1730

 
 
Nos primeiros dias de junho de 1730 uma longa coluna de imensas canoas carregadas com bens e homens, formando uma pequena flotilha fluvial, atravessava as águas no coração continental da América do Sul, próximas aos afluentes do Rio Paraguai. Há vinte dias que a coluna fluvial havia partido de Cuiabá e nela seguiam cerca de quatrocentas pessoas, desde experientes sertanejos-bandeirantes até mulheres nascidas em Portugal e muitos escravos africanos remadores. 
 
O roteiro Lisboa-Cuiabá era o mais demorado em todo o Império. Uma viagem de ida e volta demorava bem mais que um ano. Também viajava o Ouvidor Antonio Alves Lanhas Peixoto com sessenta arrobas de ouro, inclusive o carregamento da Coroa, resultado da produção de vários meses das minas de Mato Grosso. Na ilha de Ariacuné os estampidos de pólvora utilizados para a abundante caçada de pássaros atraiu a atenção do gentio paiaguá, um desconhecido grupo étnico de piratas fluviais da região do Pantanal Mato Grossense. Profundos conhecedores das corredeiras fluviais locais, os paiaguás mobilizariam um grande ataque contra a flotilha com mais de cinqüenta gigantescas canoas, cada qual com mais de dez destemidos índios, excepcionais canoeiros e nadadores. 
 
Adiante a coluna luso-brasileira caiu em uma emboscada e os índios paiaguás surgiram urrando através de uma carga com mais de quinhentas flechadas em cima da flotilha, o que quebrou a linha de defesa e amedrontou gravemente boa parte dos remadores compostos por africanos escravos. A desorganização e o caos se instalaram nas canoas atacadas e os chefes e superiores tentaram desesperadamente reestabelecer algum controle frente ao desgoverno das canoas violentamente atacadas. A melhor tática seria alcançar a margem e tentar estabelecer um perímetro de defesa com o uso das armas de pólvora. Travou-se intensa luta no meio do rio e os escravos que caíam na água eram prontamente mortos e afogados pelos paiaguás. 
 
Muitos organizaram pontos de defesa e venderam caro as suas canoas e vidas, como o Capitão Manoel Gomes do Amaral e o sertanista Sebastião Pereira, abatido depois de ter feitos sucessivos disparos certeiros contra os inimigos que se aproximavam de sua canoa. Os paiaguás afundaram várias das nossas canoas e capturaram dezesseis, com um saque contendo víveres, vestuários, muito ouro e alguns prisioneiros, dentre os quais Dona Domingas Rodrigues, jovem natural de Lisboa e com pouco mais de dezoito anos, recém-casada com o português Manoel Lopes de Carvalho, morto na ação contra os paiaguás. 
 
Dona Domingas Rodrigues estava grávida e foi aprisionada pelos paiaguás, ao lado de vários africanos sobreviventes. Algumas canoas conseguiram romper o assalto paiaguá e sete canoas se refugiaram em uma pequena ilha, formando uma nova base de defesa. Nessa ilha estava o Capitão João Antonio Cabral Carmelo, a quem devemos esta notícia. Muitos corpos passaram boiando pela ilha defendida, inclusive o corpo do Ouvidor Lanhas Peixoto, lá enterrado. 
 
Dona Domingas Rodrigues foi resgatada e vendida pelos paiaguás aos espanhóis na capital do Paraguai, três meses depois, quando eles foram trocar o ouro capturado na batalha fluvial. A jovem estava com as pestanas e cabelos raspados, cobertas com farrapos e quase nua. 
 
O Brasil não costuma ser terra fácil e quem quer vencer tem que ser forte e sobreviver. Anos antes os paiaguás tinham capturado um menino, Antonio Antunes, após terem morto o tio dele, João Leme. O menino falou que a anterior prática dos paiaguás era a de simplesmente jogar fora todo o ouro capturado, porque era apenas pedra para eles. Depois é que aprenderam a trocá-lo com os espanhóis, o que causou violenta inflação em Assunção e no Paraguai. 
 
Foram os mesmos paiaguás e outros povos indígenas os que anteriormente impediram o avanço do Império espanhol para o Norte do Rio Paraguai. Somente os nossos bandeirantes e o nosso Império Português é que exterminariam em algumas décadas os valentes paiaguás da face do planeta no que é hoje o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a nova fronteira agrícola do Brasil e do Mundo.

Ricardo Costa de Oliveira
 
Fontes : Monções - Sérgio Buarque de Holanda e História Geral do Brasil, Varnhagen.
 
 
Os paiaguás são um grupo indígena, atualmente considerado extinto, que habitava nos limites do estado brasileiro do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Também eram chamados de canoeiros.

Sua decadência veio durante a Guerra do Paraguai, quando serviram como lanceiros contra o exército brasileiro.

Tinham um código de honra que impedia que um guerreiro recuasse em batalha e se orgulhavam de não ter piedade do inimigo, sendo habéis no manejo de cavalgaduras e peritos em navegação.
 
Wikipédia

"Hoje acham-se(os Paiaguás) quase que completamente desaparecidos, lembrados os seus traços na fisionomia de alguns mestiços desfibrados deles remanescentes, que nem sequer conservaram a estirpe a virilidade e a altanaria." ~ Lécio Gomes de Souza

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

12 Virgens


Havia 12 virgens Frísias, Danas, Francas,
Rasgamos seus vestidos pra ver suas belas ancas,
... 
A virgem mais gordinha, não quis ficar pra trás
Sumiu com o meu salame e disse quero mais... 
Depois a prima dela cobrou alguns tostões 
Pra apagar a vela, em outras posições. 
A mãe era Islandesa e dava cambalhota, 
Pediu um iceberg pra refrescar a...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

sábado, 22 de outubro de 2011

On what is really valuable in life

There is little valuable, either in perspiring, like vegetables; or breathing, as cattle, and wild beasts do; or in having sensible impressions made upon the imagination; or in being moved like puppets, by our several passions and appetites; or in mere herding together; or in being nourished. There is nothing in this superior to the discharging again what is superfluous of the food we have taken in. What, then, is valuable? To be received with claps of applause? Not at all. Nor is the applause of tongues more valuable. The praises of the vulgar are nothing but the noise of tongues. If you have, then, quit the pursuit of this trifling sort of glory, what remains as valuable? This one thing, I imagine, to move, or stop yourself, in all desires or pursuits, according to the proper fabric or structure of your nature: For, this is what all design and art is tending to; this is all its aim, that the thing formed by art, should be adapted to the work it is designed for. This, the planter, and the vine-dresser, the horse-rider, and the breeder of the hound, are in quest of. At what does all education and instruction aim? In this, therefore, is placed all that is valuable. If you succeed well in this, you need not be solicitous to acquire any thing further. Won’t you, then, cease to value other things? If you don’t, you’ll never attain to freedom, self-contentment, independency, or tranquillity: for, you must be enviously and suspiciously vying with those who can deprive you of such things as you highly value; laying snares for those who possess them; and pining with vexation, when you want them; and even accusing the Gods. But, the reverencing and honouring your own intellectual part, will make you agreeable to yourself, harmonious with your fellows, and in a perfect concord with the Gods; praising whatsoever they distribute or appoint to men.


Marcus Aurelius, Meditations, Book VI, Aphorism 16.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Taft Speech

"How many of you out there have heard of alternative engines? Engines that can run on anything from alcohol to garbage or water. Or carburetors that can get hundreds of miles to the gallon. Or electric or magnetic engines, that can practically run forever. You don't know about them because if they were to come into use, they'd put the oil companies out of business... Big Business is primarily responsible for destroying the water we drink, the air we breathe and the food we eat. They have no care for the world they destroy, only for the money they make in the process." -Forrest Taft

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

On human nature

The natures of things are so covered up from us, that, to many philosophers, and these no mean ones, all things seem uncertain and incomprehensible. The Stoics themselves own it to be very difficult to comprehend any thing certainly. All our Judgments are fallible. Where is the infallible man, who never changes his opinion? Consider the objects of our knowledge; how transitory are they, and how mean! how often are they in the possession of the most effeminately flagitious, or of a whore, or a robber! Review again the manners of your contemporaries, they are scarce tolerable to the most courteous and meek disposition; not to mention that few can well comport with their own manners, but are often angry with themselves. Amidst such darkness and filth, and this perpetual flux of substance, of time, of motions, and of the things moved, I see nothing worthy of our esteem or solicitude. On the contrary, the hopes of our natural dissolution should be our consolation, and make us bear with patience the time of our sojourning among them: refreshing ourselves with these thoughts; first, that nothing can befall us but what is according to the nature of the whole: and then, that it is always in our power, never to counteract the Deity or Genius within us: to this no force can compell us.

Marcus Aurelius, Meditations, Book V, Aphorism 10.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Condenado a viver


Condannato a marcire in un letto d'ospedale
Condenado a apodrecer num leito de hospital
Strappato alla morte da un vizio legale
Amarrado à morte por um vício legal.
Garze, tubi e flebo oltraggiano l'essere
Gazes, tubos e agulhas ultrajando a existência,
Cristallizzando il soffio della vita!
Petrificando o sopro da vida!

«Oh, vita, quando non sarò più in grado di amarti fuggi da me
Perché un uomo albero non può che desiderare disperatamente di morire
Amore, se mi vuoi bene davvero uccidimi, uccidimi!»

"Oh vida, quando não mais eu puder amar-te, fujas de mim.
Porque um homem vegetal não pode mais que desejar desesperademente morrer.
Amor, se me tens afeição verdadeira, me mate, me mate!"


Eutanasia: diritto e non delitto!
Eutanásia: direito, não delito!
Diritto e non delitto, diritto e non delitto!
Diritto e non delitto, diritto e non delitto!
Diritto e non delitto, diritto e non delitto!
 
Una sentenza d'ergastolo da scontare
Uma sentença de prisão perpétua a cumprir
Per un cuore ormai stanco di scandire le ore della sua agonia!
Para um coração já cansado de marcar as horas de sua agonia!

domingo, 2 de outubro de 2011

Self-control

Do you know why most successful men of war, were self-controlled and disciplined? And why strategists from Sun Tzu to Von Clausewitz do recommend men with these qualities to be commanders? ‘Tis because baiting and tricking is one of the essences of the art of war, getting the enemy into his fatal web, is the aim of any general, to conduct the events of war at his will capitalizing in the shortsightedness, ignorance and recklessness of the enemy.

In war, unrestrained fury and rage will only get you dead, or at the mercy of the enemy, the good general shall never be of a flaming temper, he must be cold and contextualize the current situation in greater frame of war, seeking the best way to come up with a quickly and decisive victory.

Reckless and arrogant men, will fall for any trap you set up, be it for their ineptness for seeing things in the long run of the war, be it for their great sense of self-worth, they will get trapped, baited, lured, touted into their own obliteration.

Guard thyself from strong emotions, be calm and constant in the course of war, for, doubt it not, the enemy will try to bait you with soothing words, apparently comfortable situations, heinous slanders against your dignity and the honor of your people, ignoble acts and so on, ad nauseum… The fit general shall never fall for these lures as long as he maintains a strictly control over himself, his emotions, and tendencies….

“All war is based on deception.” ~ Sun tzu
 
“It is said that if you know your enemies and know yourself, you will not be imperiled in a hundred battles; if you do not know your enemies but do know yourself, you will win one and lose one; if you do not know your enemies nor yourself, you will be imperiled in every single battle.” ~ Sun Tzu

sábado, 10 de setembro de 2011

Siempre Arriba



Joven doloroso, joven triste
que sufres como yo el mal de España
y una negación honda en tu entraña
tienes clavada contra lo que existe
 
tu virgen corazón vibra de saña
de Santa Saña porque no tuviste
lo que pidió tu amor cuando naciste
de la patria, una idea y una hazaña

la general inercia fue el veneno
que atosigó tu juventud demente
 
y de asco y de dolor notes el lleno
mas el futuro es nuestro y esa gente
que hizo nuestra desgracia se va al cieno
hermano aquí va un ósculo en la frente

Pon arriba tus ojos, siempre arriba
Pon arriba tus ojos, siempre arriba
Pon arriba tus ojos, siempre arriba
Pon arriba tus ojos, siempre arriba

A ti fiel camarada que padeces
el cerco del olvido atormentado
a ti que gimes sin morir al lado 
aquella voz segura de otras veces
 
te envío mi dolor si desfalleces
al acoso de todos y cansado
destrozan como un verso malogrado
bebamos juntos de las mismas heces

En tu propio solar quedaste fuera
del orbe de tus sueños se hacen criba
 
pero allá donde estés cree y espera
el cielo es limpio y sus bordes liba
claros vinos del alba primavera
pon arriba tus ojos siempre arriba

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Dois de Maio



¡Guerra! Clamaste con ira.
¡Guerra! Repitió la lira con indómito cantar.
¡Guerra! gritó al despertar el pueblo
que al mundo aterra.

Y cuando en la Hispana tierra
pasos extraños se oyeron
hasta las tumbas se abrieron
gritando: ¡Venganza y Guerra !

La mujer con Patrio ardor
ansiosa salta del lecho,
el niño bebe en el pecho
odio a muerte al invasor,
la madre mata su amor
y, cuando calmado está,
grita al hijo que se va:
"¡Pues que la Patria lo quiere
lánzate al combate y muere,
tu madre t vengará!"

Suenan Patrias canciones
cantando santos deberes
y van roncas las mujeres
empujando los cañones.
Al pie de libres pendones,
el grito de Patria zumba,
y el rudo cañón retumba,
y el vil invasor se aterra
y al suelo le falta tierra
para cubrir tanta tumba.

¡Mártires de la Lealtad
que del honor al arrullo,
fuisteis de la Patria orgullo
y honra de la humanidad,

en la tumba descansad,
que el valiente pueblo Ibero
jura con rostro altanero
que hasta que España sucumba,
no pisará vuestra tumba
la planta del extranjero!,
¡no pisará vuestra tumba
la planta del extranjero!


Excerto e adaptação de uma Ode escrita pelo poeta espanhol Bernardo López García(1838-1870), em preito ao legendário levante de 2 de Maio contra as tropas imperiais napoleonicas em Madri pelo ano de 1808 e que foi brutalmente reprimida, desde então o dois de maio tornara-se emblemático marco na cultura espanhola, simbolizando a luta por sua soberania e identidade, e nas palavras do próprio poeta Bernardo López García, "povo que sabe morrer, jamais torna-se escravo". Ou algo assim, não me lembro as palavras exatas, mas o sentido continua...

Outras recitações:




terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sexta-feira

 

Dopo cinque giorni d'inferno sul lavoro
Depois de cinco dias, de inferno no trabalho,
Timbro il cartellino e sono un uomo nuovo,
Bato o cartão, e sou um homem novo,
Assalto come sempre la solita locanda
Lanço-me como sempre ao bar local
Si apre il sipario con la mia nera banda.
Abrem-se as cortinas com a minha negra banda

Il venerdì sarà così a festeggiar tra banchi e tavoli
A sexta-feira, será assim, a festejar entre bancos e mesas,
Grandi discorsi di guerrieri e eroi, di vecchie storie, dei soliti guai.
Grandes conversas sobre guerreiros e heróis, de velhas histórias, dos problemas comuns.
Sarà così il venerdì a superare blocchi e vigili
Será assim, a sexta-feira, a superar bloqueios e policiais,
Domani poi è sabato e chi lo sa se ci sarà un altro dì ancor così!
Amanhã então é sábado, e quem sabe se para nós será, um outro dia também assim!

Come un vulcano sfogo la settimana
Como um vulcão, passo a semana,
Sono allergico al lavoro, ai soldi e alla grana,
Sou alérgico ao trabalho, ao salário e ao dinheiro,
Li spendo tutti in alcool offro da bere a tutti
Gasto tudo em álcool, ofereço de beber a todos,
È un circolo vizioso e siamo tutti matti!
É um círculo vicioso, somos todos loucos!

Il venerdì sarà così a festeggiar tra banchi e tavoli
A sexta-feira, será assim, a festejar entre bancos e mesas,
Grandi discorsi di guerrieri e eroi, di vecchie storie, dei soliti guai.
Grandes conversas sobre guerreiros e heróis, de velhas histórias, dos problemas comuns.
Sarà così il venerdì a superare blocchi e vigili
Será assim, a sexta-feira, a superar bloqueios e policiais,
Domani poi è sabato e chi lo sa se ci sarà un altro dì ancor così!
Amanhã então é sábado, e quem sabe se para nós será, um outro dia também assim!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Olympia


Creio que atráves desse vídeo, possa-se vislumbrar uma centelha da genialidade que corria no intelecto da grande cineasta Leni Riefenstahl.

Filme: Olympia(1936)
Música: Rammstein - Stripped(remix por Charlie Clouser)

domingo, 21 de agosto de 2011

Samurai



Sento solamente noia
Sinto apenas tédio
Quando vivo la realtà
Quando vivo a realidade
Sento l’odio sulla pelle
Sinto o ódio sobre a pele
quando guardo la città
Quando olho a cidade


Mentre osservo i suoi palazzi,
Enquanto observo os seus palácios
Le sue inutili vetrine
Suas inúteis vitrines
Mi riscopro innamorato
Redescubro-me enamorado
Delle squallide rovine
Das esquálidas ruínas

Quanto vile conformismo
Quanto infame conformismo
C’è nella democrazia
Existe na democracia
Quanta sete di potere,
Quanta sede de poder,
Servilismo, ipocrisia
Servilismo, hipocrisia

Ora siamo giunti a un bivio
Agora estamos ante uma bifurcação
E di fronte due sentieri
Em frente a dois caminhos
Si può vivere da schiavi
Pode-se viver como escravo
O morire da guerrieri
Ou morrer como guerreiro

Ora osserva la mia spada
Agora observa a minha espada
Che punta verso il sole
Apontada ao sol
Ascolta nel silenzio
Escuta no silêncio
Le mie ultime parole
As minhas últimas palavras

....
....
Ed allora tu vedrai
E agora tu verás
Bruciare ancora il fuoco
Ainda queimar o fogo
di antichi samurai
dos antigos samurais.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

E outro dia se passa como um sonho...



Always looking for attention
Sempre procurando atenção
Always needs to be mentioned
Sempre precisando ser lembrada
Who does she think she should be ?
Quem ela pensa que deveria ser?


The shrill cry through darkening air
O grito sibilante pelo ar que escurece
Doesnt she know
Não sabe ela
He's had such a busy day ?
Que ele teve um dia ocupado?

Tell her...
Diga a ela...
Somebody tell her...
Alguém diga a ela...
Oh, no way, no way, theres no movement
Oh, não, não, não há movimento
Oh, oh, hooray
Slowest ...
Mais lento...

It was only a test
Era apenas um teste
But she swam too far
Mas ela nadou muito longe
Against the tide
Contra a maré
She deserves all she gets
Ela tem o que merece

The sky became marked with stars
O céu torna-se marcado com as estrelas
As an out-stretched arm

Enquanto um braço estendido
slowly disappears
vagarosamente desaparece


Hooray
Oh hooray
No, oh, oh, woh, theres no movement
Não há movimento
No, oh, hooray
Oh, hooray

Please dont worry
Por favor não se preocupe
There'll be no fuss
Não haverá aborrecimento
She was ... nobodys nothing
Ela não era nada de ninguém

When he awoke
Quando ele acordou
The sea was calm
O mar estava calmo
And another day passes like a dream
E outro dia se passa como um sonho
Theres no... no way
Não há outro modo

Love street

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Protejam-se uns aos outros da solidão



Bewahret einander vor Herzeleid
Protejam-se uns aos outros da dor de coração
denn kurz ist die Zeit die ihr beisammen seid
pois breve é o tempo que vocês passam juntos
Denn wenn euch auch viele Jahre vereinen
Pois mesmo quando vocês estejam ligados durante anos
einst werden sie wie Minuten euch Scheinen
eles parecerão como minutos para vocês

Herzeleid
Dor de coração

Bewahret einander vor der Zweisamkeit
Protejam-se uns aos outros da solidão

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Primavera em Paris



Im Lichtkleid kam sie auf mich zu
Em um vestido de luz ela veio até mim
ich weiß es noch wie heut':
me lembro como se fosse hoje
Ich war so jung,
eu era tão jovem
hab' mich geniert
tive vergonha
doch hab' es nie bereut.
mas nunca me arrependi

Sie rief mir Worte ins Gesicht,
Ela lançou palavras em meu rosto
die Zunge lustgesträubt;
A língua excitada pelo desejo
verstand nur ihre Sprache nicht;
Não podia compreender suas palavras
ich hab' es nicht bereut.
Eu nunca me arrependi

Oh non rien de rien
Oh não! Nada em absoluto
Oh non je ne regrette rien
Oh não! Eu não me arrependo de nada

Wenn ich ihre Haut verließ -
Quando eu deixei a sua pele
der Frühling blutet in Paris.
A primavera sangrava em Paris

Ich kannte meinen Körper nicht
Eu não conhecia meu corpo
den Anblick so gescheut
muito tímido para olhá-lo
sie hat ihn mir bei Licht gezeigt
Ela o mostrou a mim sob a luz
ich hab es nie bereut
Eu nunca me arrependi

Die Lippen oft verkauft, doch weich
O lábios constantemente vendidos, mas macios
und ewig sie berühr'n
E tocando-os eternamente
Wenn ich ihren Mund verließ
Quando eu deixei a sua boca
Dann fing ich an zu frier'n
Então comecei a congelar

Sie rief mir Worte ins Gesicht,
Ela lançou palavras em meu rosto
die Zunge lustgesträubt;
A língua excitada pelo desejo
verstand nur ihre Sprache nicht;
Não podia compreender suas palavras
ich hab' es nicht bereut.
Eu nunca me arrependi

Oh non rien de rien
Oh não! Nada em absoluto
Oh non je ne regrette rien
Oh não! Eu não me arrependo de nada

Wenn ich ihre Haut verließ -
Quando eu deixei a sua pele
der Frühling blutet in Paris.
A primavera sangrava em Paris

Ein Flüstern fiel mir in den Schoß
Um sussurro caiu em meu colo
und führte feinen Klang
Levando a suaves sons
hat viel geredet nichts gesagt
Tinha conversado muito, nada dito
und fühlte sich gut an
Sentindo-me assim tão bem

Sie rief mir Worte ins Gesicht,
Ela lançou palavras em meu rosto
und hat sich tief verbeugt
e se curvou profundamente
verstand nur ihre Sprache nicht;
Não podia compreender suas palavras
ich hab' es nicht bereut.
Eu nunca me arrependi

Oh non rien de rien
Oh não! Nada em absoluto
Oh non je ne regrette rien
Oh não! Eu não me arrependo de nada

Wenn ich ihre Haut verließ -
Quando eu deixei a sua pele
der Frühling blutet in Paris.
A primavera sangrava em Paris


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ócios e ociosidade

Existe uma selvageria própria de pele-vermelha, portanto, particular ao sangue índio, na maneira como os americanos aspiram ao ouro; e o seu frenesi no trabalho – o verdadeiro vício do Novo Mundo- começa já a barbarizar, por contágio a velha Europa, dizimando uma estranha ausência de espírito.
Tem-se agora vergonha do descanso; quase se experimentaria um remorso com a reflexão mais demorada. Pensa-se de relógio na mão, mesmo quando se está a almoçar, com um olho no correio da bolsa; vive-se permanentemente como alguém que tem medo de “perder” alguma coisa. “Mais vale agir do que não fazer nada”, eis ainda um desses princípios de carregar pela boca que correm o risco de vibrar o golpe de misericórdia a qualquer cultura, e qualquer gosto superior.
Este frenesi no trabalho dobra os afiados de todos os modos; pior, enterra o próprio sentimento desta forma, o senso melódico do movimento; as pessoas tornam-se cegas e surdas a todas as suas harmonias. A prova está na pesada precisão que se exige agora em todas as situações em que o homem quer estar honestamente diante do seu semelhante, nas suas relações com amigos, mulheres, pais, filhos, patrões, alunos, guias e príncipes; tem-se falta de tempo, tem-se falta de força para consagrar à cerimônia, os meneios da cortesia, o espírito da conversa, e o ócio de uma maneira geral.
Uma vez que a vida, tornada caça ao lucro, obriga o espírito a esgotar-se sem repouso no jogo de dissimular, de iludir, ou de prevenir o adversário; a verdadeira virtude consiste agora em fazer uma coisa mais depressa do que um outro. Dessa forma, só em raras horas é que as pessoas se podem permitir ser sinceras: e nessas horas, está-se tão cansado que se aspira não somente a “deixar correr” mas a estender-se pesadamente a deitar-se.
É esta inclinação que dá o tom da correspondência agora; e o estilo e o espírito das castas, serão sempre o verdadeiro “sinal do tempo”. Se ainda se encontra prazer na sociedade e nas artes, é um prazer do gênero daqueles que podem encontrar os escravos mortos de trabalho. Oh! Como alegram-se por pouca coisa essa gente do momento, com ou sem cultura, como é modesta nas suas “alegrias”! Que vergonha a suspeita que atraem, cada vez mais severamente, sobre si! Todos os dias o trabalho domina mais e mais a consciência em seu proveito: o gosto da alegria chama-se já “necessidade de descanso”; começa a corar de si próprio. “temos de fazer isto em função da saúde”, diz-se às pessoas que vos surpreendem em uma volta pelo campo.
Neste ritmo as coisas poderão ir, rapidamente, tão longe que não se ousará mais ceder, sem desprezo por si próprio e sem experimentar remorso ao gosto pela vida contemplativa, ao desejo de passear em companhia de pensamentos e de amigos. Pois, antigamente, a maneira era inversa: era o trabalho que sofria de má consciência.
Um homem bem nascido escondia o seu trabalho, se necessidade o constrangia a fazer um. O escravo trabalhava esmagado pelo sentimento de fazer alguma coisa desprezível: “fazer” já o era por si só desprezível. “Somente há nobreza e honra no otium (ócio) e no bellum (guerra)”, assim falava o preconceito antigo!

NIETZSCHE, F. Gaia Ciência. São Paulo: Martin Claret, 2004, p. 168-169.

Eu te machuco



Nur für mich bist du am Leben
Apenas para mim você vive
Ich steck dir Orden ins Gesicht
Eu coloco medalhas em sua face
Du bist mir ganz und gar ergeben
Você é completamente devotada a mim
Du liebst mich denn ich lieb' dich nicht
Você me ama mas eu não te amo

Du blutest für mein Seelenheil
Você sangra pela minha salvação
Ein kleiner Schnitt und du wirst geil
Um pequeno corte e você se excita
Der Körper - schon total entstellt
O corpo já completamente desfigurado
Egal, erlaubt ist, was gefällt
Não importa, o que é prazeroso, é licito.

Ich tu' dir weh.
Eu te machuco
Tut mir nicht Leid!
Eu não sinto pena
Das tut dir gut.
Isso te faz bem
Hör wie es schreit!
Ouça como grita

Bei dir habe ich die Wahl der Qual
Com você eu tenho a escolha do tormento
Stacheldraht im Harnkanal
Arame farpado no canal da uretra
Leg dein Fleisch in Salz und Eiter
Deixando sua carne em pus e sal
Erst stirbst du doch dann lebst du weiter
Primeiro você morre depois vive novamente

Bisse, Tritte, harte Schläge
Mordidas, chutes, fortes socos
Nadel, Zangen, stumpfe Säge
Agulhas, pinças, serrotes cegos
Wünsch' dir was, ich sag nicht nein
O que você deseja, eu nunca digo não.
Und führ' dir Nagetiere ein
Enfio os ratos em você

Ich tu' dir weh.
Tut mir nicht Leid!
Das tut dir gut.
Hör wie es schreit!

Du bist das Schiff, ich der Kapitän
Você é o navio eu sou o capitão
Wohin soll denn die Reise geh'n?
Para onde essa viagem deve rumar?

Ich seh' im Spiegel dein Gesicht
Eu vejo seu rosto no espelho
Du liebst mich denn ich lieb' dich nicht
Você me ama mas eu não te amo

Ich tu' dir weh.
Tut mir nicht Leid!
Das tut dir gut.
Hört wie es schreit!

domingo, 14 de agosto de 2011

Atitude filosófica

"Nós vivemos na era das desculpas" ~ Boyd Rice

Calor do idealismo, Valores graníticos.

A verdade é que sempre identifiquei-me com o passado e meus anseios sempre foram o de ter nascido em épocas de antanho, por várias razões, sendo os valores a principal.

Consigo ver o homem antigo como menos materialista, ganancioso, indulgente com os prazeres sensuais e imoderado, vai em minha alma, qualquer coisa símil ao espírito desses homens, e quando confronto-me com a dura realidade do presente degenerado, fraco, entregue à mais sórdida das sortes, meu desejo mais profundo seria retroceder no tempo.

Eis onde a filosofia age, para salvar-me de uma existência fútil e vulgar, pervadida de um pessimismo tolo, desconstruidor, que faria-me naufragar em um oceano de lamentações e fracassos.

A filosofia proscreve tudo quanto é contrário à razão, o desejo de mudar o imutável é plenamente ilógico, eis o porque a maioria dos filósofos julga insensatez sentir remorso por exemplo, o ato de se remoer aquilo que já é passado, não faz sentido algum do ponto de vista racional, no meu caso seria a inconformidade com o mundo moderno, e tal qual o remorso, o meu aborrecimento em ter nascido na época em que nasci, é uma estultícia completa.

E o conformismo é outro sintoma da modernidade que eu paradoxalmente caí, as pessoas não querem assumir responsabilidades por suas falhas, quando elas acontecem essas pessoas sempre tratam de arrumar um culpado para se eximirem de sua ignomínia, seja ele Deus, a natureza, a sociedade, o sistema, e qualquer outro culpado que esteja ao alcance.

Há um paradigma miserável de raciocínio que se erigiu na maioria das pessoas hoje, elas agem já com qualquer escusa em mente, mesmo antes de começar a ação, e se eventualmente essa ação vier a falhar essas pessoas tem seus alvos prontos a quem outorgar a culpa.

A verdade é que esse é um modo de pensar de fracos, e que essas pessoas ao jogar sua responsabilidade pelo fracasso em alguém ou algo tentam apenas dissimular seus próprios defeitos, são pessoas desorganizadas, viciosas, indulgentes consigo mesmas, indisciplinadas, desvirtuadas. E não querendo reconhecer a própria mediocridade, tratam logo de lançar a culpa sobre um outro fator caso suas vidas se tornem um fracasso.

Isso é o que me previne de sair vociferando contra minha condição, e de lamentar meu destino, o correto é sempre buscarmos construir o que nós achamos belo, e nos definirmos por aquilo que somos a favor e não contra, ao invés de tentar destruir o que se odeia, é sempre melhor tentar construir o mundo que amamos.

sábado, 13 de agosto de 2011

Freiheitskampf



Schau Sohn, Feuer brennt auf den Bergen,
Veja filho, o fogo queima nas montanhas,
hörst du die Glocken, sie läuten zum Sturm.
Ouves os sinos, ele soam a tempestade.
Schau Sohn, im Fluß da schwimmt das Zeichen,
Vede filho, no fluxo dos sinais.
wir müssen nun gehn, sie warten am Turm.
Temos de ir agora, eles esperam na torre.

Damals im Jahre 1809,
Então no ano 1809,
Tiroler haben’s nicht gescheut.
Os tiroleses não se amedrontaram
Dem Feind die Stirn zu bieten,
Em oferecer batalha ao inimigo
und das Land vor dem Angreifer zu behüten.
E proteger suas terras do agressor
Das war unser Freiheitskampf!
Essa foi a nossa luta pela liberdade!

Schau Vater, ich nehme dich an der Hand,
Vede pai, eu levar-vos pela mão,
es blitzen die Kanonen, sie greifen uns an.
Os canhões fulguram, eles nos invadem.
Schau Vater, sie feuern auf unser Heimatland,
Vede pai, eles incendeiam nossa terra pátria,
laß uns nun fahren, sie schreiten voran.
Ajamos agora, eles avançam.

Damals im Jahre 1915,
Então no ano de 1915,
Tiroler haben’s nicht gescheut.
Os tiroleses não se amedrontaram
Dem Feind die Stirn zu bieten,
Em oferecer batalha ao inimigo
und das Land vor dem Angreifer zu behüten.
E proteger suas terras do agressor
Das war unser Freiheitskampf!
Essa foi a nossa luta pela liberdade!


Schau Freund, sie kommen nun in Scharen,
Vede amigo, eles vem em multidões,
wir müssen tun, was der Verstand uns rät.
Nós devemos fazer, o que nossa razão nos proíbe
Schau Freund, sie wollen uns fortjagen,
Vede amigo, eles querem nos expulsar,
brechen wir auf, sonst ist es zu spät.
Libertemo-nos agora, antes que seja tarde.

Damals im Jahre 1961,
Então, no ano de 1961,
Tiroler haben’s nicht gescheut.
Os tiroleses não se amedrontaram
Dem Feind die Stirn zu bieten,
Em oferecer batalha ao inimigo
und das Land vor dem Angreifer zu behüten.
E proteger suas terras do agressor
Das war unser Freiheitskampf!
Essa foi a nossa luta pela liberdade!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Santa Lucia



Sul mare luccica l’astro d’argento.
Sobre o mar cintila o astro de argento.
Placida è l’onda. Prospero è il vento.
Calmas são as ondas. Prospero o vento.
Sul mare luccica, l’astro d’argento.
Sobre o mar cintila o astro de argento.
Placida è l’onda. Prospero è il vento.
Calmas são as ondas. Prospero o vento.

Venite all’agile, barchetta mia,
Descende sobre meu ágil batel,
Santa Lucia, Santa Lucia.
Venite all’agile, barchetta mia,
Descende sobre meu ágil batel,
Santa Lucia, Santa Lucia.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fábricas são prisões




"Tenhamos preguiça para tudo, menos para amar e beber, menos para ter preguiça" ~ Lessing

Talvez haja um dia do julgamento final, e talvez ele aconteça dia após dia, talvez seja a consciência de alguns um juiz mais severo e implacável que o próprio Deus, este encerra em si a misericórdia e compaixão, e por vezes ignora muitas de nossas ações. Não a consciência, em relação a nós ela é onisciente, e perscruta e pesa cada uma de nossas ações ou inações, cada minudência de nossos pensamentos, nada escapa a seu crivo.

Curioso notar é o modo como a consciência pede a conta de nossa vida, e eu constato que necessariamente isso acontece no período em que você deita-se para dormir e seu cérebro alegadamente não vos deixa descair a tal sono. Então você revolve e rumina e considera tudo o que fizeste durante o dia, um tipo de meditação do que se passou e "briefing" do próximo dia, não surpreende que assim seja, pois esse momento antes do sono é o mais sóbrio do homem, geralmente ele está livre de paixões e sensações e nada incendeia seus sentidos distorcendo seus julgamentos como mormente acontece ao longo do dia, ali, na alcova sombria, ele está só consigo mesmo.

Possa esse ter sido um simplório método de a natureza fazer o homem ouvir a seu próprio espírito, à despeito do barulho e paixões cotidianas que o fazem por vezes trair a si mesmo? Ignoro. Mas sei que de todo o dia, essa é a hora mais cristalina à percepção humana, que poderia ser correlata a hora mais fria do dia, quando o homem se levanta, pouco antes do arrebol.

Portanto, cumpre ir-se deitar não ao rebate do sono pesado, mas sim ser conduzido ao leito pela delicada mão do leve sono, para que tenha lugar o sopeso da consciência.

Sendo reconhecido esse o método pelo qual nossa consciência nos chama a nós mesmos, não é insensato que muitos queiram ignorá-lo, e pretender que ele não exista. Afinal é sempre excruciante que nossa própria essência fique lembrando-nos constantemente que os rumos que escolhemos para nossas vidas é errado e contrário as nossas inclinações. Pois muitas vezes convém perdermo-nos nos objetivos e aparências que construímos perante a sociedade, do que por tudo a perder por ser fiel a si mesmo.

Status, poder, e sexo. É o que frequentemente a sociedade oferece em troca dessa abnegação, ao homem de engenho é apenas isso o que se lhe oferece em troca de matar a sua inata natureza. É costumado entender que essa obliteração do espírito desfralda-se no ofício escolhido para realizar-se pelo resto de vida que lhes restam, a pobreza(ou melhor, não-opulência) resultante de serviços considerados como sem glamour, charme, ou belos salários é anátema ubiqua. E querendo escapar a esse opróbrio e ao mesmo tempo ao peso da consciência, muitos iludem a si mesmos, persuadindo-se do valor de seu ofício em relação a eles próprios. Uma bela mentira, que precisa ser contada, considerando nossa sociedade de massa.

Visitando qualquer escritório em qualquer parte desse país, não encontrarás neles, um indíviduo que não é decerto muito feliz e contente com sua colocação, do superintendente ao mais baixo estagiário, a ditadura do sorriso... Essa empulhação social deve-se mais a necesssidade das pessoas de enganarem-se a si, do que mostrar auto-suficiência e escolhas acertadas aos outros. Muitos, buscando glória e status ignoram o chamado da natureza, mas é correto fazê-lo? A alguns a natureza soí impelir a vida de pastoreira, como zagal pelas colinas plácidas, guardando e fazendo florescer a ruminante grei, a outros, impelem-nos ao caminho do soldado vertendo o sangue de ígneos reflexos em renhidas batalhas, à maioria das mulheres, a natureza chama a maternidade, ao governo do lar e manutenção da unidade familiar... porém nem sempre a natureza chama os homens ao bom caminho, e há alguns até que nascem para serem maus. Pois o "mal" é tão natural quanto o "bem", os gregos e principalmente Aristóteles, consideravam como bom, algo(ou alguém) que faz aquilo que foi criado para fazer, e mal, o contrário, em parte advém dessa noção de organização o método científico, método esse que garantiu a supremacia intelectual e bélica do ocidente, dos tempos helênicos até aos hodiernos.

Sabemos nós qual é a paga de se obliterar a natureza, pois atitudes assim nunca vão sem resposta, inquietação, angústia, depressão, e por fim, morte... O trabalho não seria tão inconveniente, nem um estorvo na vida de muitos, caso tivesse um expediente curto, digamos 4 horas...




É o que sugeriu o socialista francês Paul Lafargue, estruturando a metafísica do trabalho intenso como essencialmente escrava, propriamente contrária as artes e lazeres exercidos pelos aristocratas, Esparta e Atenas exemplos conspícuos, assinalando que em Grécia antiga, o labor era deixado aos escravos e que somente cidadãos degradados vendiam seu trabalho a outrem.

"O cidadão que outorga seu labor em troca de dinheiro rebaixa-se ao nível de escravos" ~ Cícero

Donde que, os modernos, trabalhadores constantes, porém de espírito obtuso, fazem saber ao mundo sua oblíquidade pelo modo como gastam o fruto de seu suor, a cultura que eles patrocinam, a religião que aderem, a arquitetura grotesca e abjeta de seus "paços", o que é interessante aqui notar, pois Nietzsche dissera que a arquitetura é a eloquência do poder, vemos nós como o poder dessa "elite" fala, basta dar uma volta em qualquer bairro "nobre" brasileiro...

E no fim, é muito questionável o valor do dinheiro e poder, especialmente em nossa época, a anulação de si mesmo, o esfarrapar-se no trabalho, e esvair sua juventude em labor contínuo, apenas pelo poder em si, e a satisfação copiosa dos desejos sensuais, em particular, ao homem que possui algum intelecto.

Porém justifica-se, se quiser-se pôr adiante uma alta civilização e vai buscar os recursos necessários nos meios econômicos. Não seria justo que os homens mais ricos fossem os mais merecedores dessas riquezas outrossim? E que esse refugo humano representado pela elite econômica brasileira fosse devidamente limpado e terminasse de existir?




Piegato dal telaio che tu stesso hai creato
Preso na situação que você mesmo criou
Agghiacciante riflesso di un sistema malato
Triste exemplo de um sistema doente,
Guarda il tuo futuro, giace morto a terra
Observa teu futuro, jaz morto no chão,
Accoltellato alla gola dal capitalismo!
Degolado pelo capitalismo!

Distruggi il lavoro, credi nei tuoi desideri!
Destrua o trabalho, crê nos teus desejos!
Distruggi il lavoro, vivi senza fare niente!
Destrua o trabalho, viva sem fazer nada!

Volti lacerati, dinamiche di sfruttamento
Rostos lacerados, dinâmica de exploração,
Miseri aspetti della quotidianità
Expectativas miseráveis do cotidiano,
Magri stipendi, assenza di tutele, alienazione, insicurezza!
Salários magros, nenhuma cobertura, alienação, insegurança!
Riscopri le virtù della pigrizia!
Redescubra a virtude da preguiça!

Derubato dalla vita osservi impotente
Desancado pela vida, observa impotente,
il misero crollo dei tuoi sogni
O mísero definhamento dos teus sonhos
Il tuo sorriso ucciso giorno per giorno
O teu sorriso assassinado, dia após dia,
da un lavoro inutile come le spiegazioni
Por causa de um emprego inútil,
Fabbriche e prigioni!
Fábricas são prisões!

Vaje ner culo al lavoro, mandace qualcun' altro
Manda aos diabos o trabalho, que faça-o outrem.
Vai avanti, ridi in faccia al datore di lavoro
Não temas, ria na cara do patrão,
Ricorda: rubare è divertente!
E lembre-se: roubar é divertido!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Harry Brown (2009)






Harry Brown é um filme de ação eivado de uma carga dramática sofisticada o suficiente para fazer agradar mesmo os que não apreciam tal gênero. O personagem principal que dá nome ao filme, é um fuzileiro naval aposentado, que serviu em Ulster(Irlanda do Norte), mas agora leva uma vida pacata num conjunto habitacional onde a violência das gangues se faz presente no dia à dia, Brown tenta tolerar e viver obliquo a isso como qualquer cidadão comum, porém as coisas mudam de sentido quando seu amigo, também aposentado, e que vinha sendo atormentado por vândalos, é brutalmente assassinado, e confrontado com a expectativa de impunidade por parte da justiça aos assassinos de seu companheiro, Brown lança-se a uma sortida de violência e vigilantismo contra as gangues de seu bairro, e em sua busca por vingança ele toma contato com o submundo das drogas, sexo, e crime... há uma interessante parte no filme que nos dá uma visão clara dos motivos que dão origem as revoltas e protestos violentos de "jovens" que pode ser adequadamente relacionada, por exemplo, aos protestos na França em 2005. Desnecessário dizer a majéstica atuação de Michael Caine, que em minha opinião é dos maiores atores que em Inglaterra se produziram, sua elegância natural e porte aristocrático britânico, adiciona ao filme uma química singular, e sua atuação impecável demonstra o quão excelente ele é em sua nobre arte, a música abaixo faz parte da trilha sonora do filme.




When the blood dries in my veins
Quando o sangue secar em minhas veias
And my, heart feels no more pain
E meu coração não mais sentir dor,
I know, I'll be on my way
Eu saberei então, que estou no caminho
To heaven's door
Para os portões celestiais.

I know when I'm not
Sei que quando eu não mais existir
I'll be hoping I don't drop
Ansiarei por não cair
To a place where I will rise,
No lugar onde ascenderei,
like before (2x)
Como outrora

I can feel, something happening
Eu posso sentir algo acontecendo
That I've never felt before
Que eu jamais sentira antes,
Hopeless dreaming will start
O sonhar desesperado,
Dragging me away from heavens door (2x)
Arrastar-me-á para longe das portas do céu.

When my mind stops thinking
Quando minha mente parar de pensar,
And my eyes stop blinking I hope...
E meus olhos se fecharem
Somebody's there
Eu espero que haja alguém lá.

When my heart stops beating
Quando meu coração parar de bater,
And my lungs stop breathing In air...
E meus pulmões pararem de inspirar,
I hope somebody cares
Eu espero que alguém se importe.

When the blood dries in my veins
Quando o sangue secar em minhas veias
And my, heart feels no more pain
E meu coração não mais sentir dor,
I know, I'll be on my way
Eu saberei então, que estou no caminho
To heaven's door
Para os portões celestiais.

I know when I'm not
Sei que quando eu não mais existir
I'll be hoping I don't drop
Ansiarei por não cair,
To a place where I will rise,
No lugar onde ascenderei,
like before (2x)
Como outrora

I can feel, something happening
Eu posso sentir algo acontecendo
That I've never felt before
Que eu jamais sentira antes,
Hopeless dreaming will start
O sonhar desesperado,
Dragging me away from heavens door (2x)
Arrastar-me-á para longe das portas do céu.

When my mind stops thinking
Quando minha mente parar de pensar,
And my eyes stop blinking
E meus olhos se fecharem,
I hope... Somebody's there
Eu espero... que haja alguém lá.

When my heart stops beating
Quando meu coração parar de bater,
And my lungs stop breathing In air...
E meus pulmões pararem de inspirar,
I hope somebody cares
Eu espero que alguém se importe.

When my mind stops thinking
Quando minha mente parar de pensar,
And my eyes stop blinking
E meus olhos se fecharem,
I know... At the end

Eu sei... no final.

Chamado dos Deuses

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tu, suave e pura como uma flama...



Du schlank und rein wie eine flamme
Tu, suave e pura como uma flama,
Du wie der morgen zart und licht
Tu, como a delicadeza da manhã luzidia,
Du blühend reis vom edlen stamme
Tu, inflorescência vicejante de escol,
Du wie ein quell geheim und schlicht
Tu, como nascente recôndita e impoluta.

Begleitest mich auf sonnigen matten
Acompanhas-me pela relva ensolarada,
Umschauerst mich im abendhauch
Velas por mim às virações do arrebol,
Erleuchtest meinen weg im schatten
Iluminas meu caminho nas trevas,
Du kühler wind du heisser hauch
Tu, vento fagueiro, deliciosa aragem.

Du bist mein wunsch und mein gedanke
Tu és meu desejo e intelecto,
Ich atme dich mit jeder luft
Hauro-te a cada respiração,
Ich schlürfe dich mit jedem tranke
Sorvo-te a cada gole,
ich küsse dich mit jedem duft
Beijo-te em cada perfume.

Du blühend reis vom edlen stamme
Tu, inflorescência vicejante de escol,
Du wie ein quell geheim und schlicht
Tu, como nascente recôndita e impoluta.
Du schlank und rein wie eine flamme
Tu, suave e pura como uma flama,
Du wie der morgen zart und licht.

Tu, como a delicadeza da manhã luzidia.

Stefan George




Atriz romena Manuela Hărăbor, no filme Pădureanca(A mulher da floresta) de 1987.

domingo, 10 de julho de 2011

Tempestade Sacra



Sturmes Boten fern am Himmel
As tempestades levantam-se no horizonte longínquo,
Mit einer dunklen Flut aus Regen
Prenunciando em negras lufadas torrenciais,
Naht ein tobendes Gewitter
A violenta borrasca,
Bringt uns unheilvollen Segen
Que derrama sobre nós, bençãos desditosas.

Wir, die immer vorwärts blicken
Nós que sempre buscamos,
Keiner Seele etwas schulden
Almas impolutas,
Müssen jetzt durch Groll und Sühne
Devemos nós agora, entre o rancor e a contrição,
Eines Gottes Zorn erdulden
A fúria de um Deus padecer.

Eines Gottes, der da waltet
Um Deus que aqui impera,
Und uns richtet nur zugrunde
Conduz-nos a ruína,
Uns nur straft mit seinem Spotte
E castiga-nos com sua verdasca do escárnio,
Unaufhörlich schmerzt die Wunde
Fustigando nossas feridas pela eternidade.

Mag es stürmen, mag es hageln
Possam essas tempestades, possam essas ventanias,
Donner, Blitz und Ungeheuer
Trovões, raios e potestades,
Aus dem Himmel auf uns stürzen
Dos céus descender sobre nós,
Soll es brennen, dieses Feuer!
Ainda assim, essas flamas crepitarão!

Soll es brennen und uns schüren
Crepitarão ainda e animarão nosso espírito,
Für den nächsten Opfergang
Para o próximo sacrifício,
Kein Gott trübt des Menschen
würde
Nenhum Deus obscurecerá a humanidade,
Wir sind frei ein Leben lang
Tornaremo-nos livres por toda a nossa vida.

Ein Leben lang – sind wir frei
Por toda a vida, seremos livres,
Wir sind frei ein Leben lang
Nós somos livres por toda nossa vida...
Ein Leben lang – sind wir frei
Wir sind frei ein Leben lang

Devoção

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Napoleão



Sobre uma ilha isolada,
Por negros mares banhada,
Vive uma sombra exilada,
De prantos lavando o chão;
E esta sombra dolorida,
No frio manto envolvida,
Repete com voz sumida:
- Eu inda sou Napoleão.

Tremem convulsas as plagas
Bravias lutam as vagas,
Solta o vento horríveis pragas
Nos cendais da escuridão;
Mas nas torvas penedias
Entre fundas agonias,
Ela diz às ventanias:
- Eu inda sou Napoleão.

- E serei! do céu da glória,
Nem dos bronzes da memória,
Nem das páginas da história
Meus feitos se apagarão;
Passe a noite e as tempestades,
Venham remotas idades,
Caiam povos e cidades,
- Sempre serei Napoleão.

Da coluna de Vendôme,
O bronze, o tempo consome,
Porém não apaga o nome
Que tem por bronze a amplidão.
Apesar de infausto dia,
Da infâmia que tripudia,
Dos bretões a cobardia,
- Sempre serei Napoleão.

Nos vastos plainos do Egito,
Sobre Titães de granito,
Eu tenho um poema escrito
Que deslumbra a solidão.
Das Ísis rasguei os véus,
Entre os altares fui deus,
Fiz povos escravos meus,
- Ah! inda sou Napoleão.

Desde onde o crescente brilha
Até onde o Sena trilha,
Tive o mundo por partilha
Tive imensa adoração;
E de um trono de fulgores
Fiz dos grandes - servidores,
Fiz dos pequenos - senhores,
- E sempre fui Napoleão.

Quando eu cortava os desertos,
Vinham-me os ventos incertos
De incenso e mirra cobertos
Lamber-me as plantas no chão;
As caravanas paravam,
E os romeiros que passavam
Às solidões perguntavam:
- É este o deus Napoleão?

E lá nas plagas fagueiras,
Onde as brisas forasteiras,
Entre selvas de palmeiras
Corre o sagrado Jordão,
O lago dizia ao prado,
O prado ao monte elevado,
O monte ao céu estrelado:
- Vistes passar Napoleão!

Dizei, auras do Ocidente,
Dizei, tufão inda quente
Do bafejo incandescente
Do não vencido esquadrão,
Como é ele? é belo, ousado?
Tem o rosto iluminado?
Tem o braço denodado?
- Sempre é grande Napoleão?

E as águias no céu corriam,
E os areais se volviam,
E horrendas feras bramiam
No imenso da solidão;
Mas as vozes do deserto
Se erguiam como um concerto
E vinham saudar-me perto:
- Tu és, senhor, Napoleão!

- Se sou! que Marengo o conte,
De Austerlitz o horizonte,
E aquela soberba ponte
Que transpus como o tufão!
E a minha vida de Ajácio,
E o meu sublime palácio,
E os pescadores do Lácio
Que só dizem - Napoleão!

Se o sou! que digam as plagas,
Onde do sangue nas vagas,
Coberta de enormes chagas
Dorme vil população;
Digam da Ásia as bandeiras,
Digam longas cordilheiras,
Que se abatiam, rasteiras,
Ao corcel de Napoleão!

Se o sou! diga Santa Helena
Onde a mais sublime cena
Fechou tranqüila e serena
Minha história de Titão,
Digam as ondas bravias,
Digam torvas penedias,
Onde as rijas ventanias
Vêm murmurar: - Napoleão.

E serei! do céu, da glória,
Nem dos bronzes da memória
Nem das páginas da história
Meus feitos se apagarão!
Assim na rocha isolada
Pelas espumas banhada,
Disse a sombra desterrada,
De prantos lavando o chão.

As névoas rolam nos céus,
Da noite escura nos véus
Soltam negros escarcéus
Rugidos de imprecação;
Mas das sombras a espessura
A face da onda escura,
O salgueiro que murmura
Tudo fala - Napoleão!


VARELLA, Fagundes, Vozes da América, 1864.