quarta-feira, 27 de maio de 2020

A disciplina fortalece o espírito

Dentre as forças desagregadoras do espírito e que causam maior desordem em ti, a indisciplina, a fraqueza de sua alma, que dá azo a toda sorte de vício e dissolução, tua perdição começa quando tu não observas aquilo que para ti mesmo decidiste como assisado.

Descaindo então de um vício a outro, da acídia à lascívia, desta à gula, da gula à indolência, desfigurando de tal forma teu verdadeiro ser, vai-te levado pelas águas do tempo hodierno, qual todos os desvairados que se tem por "normais". Paixão após paixão, êxtase após êxtase num encadeamento profano. 

Eis a vida do niilista, que na terra somente vive para seu ego. O mundo começa e acaba em si, assim é o homem que vive para prazeres. Teus cabedais de deleites hão-de esvair-se, que sobrará senão uma casca tíbia, pobre em espírito e sabedoria; irresoluta, acossada pelos terrores pânicos, uma mera sombra do que fora um homem de verdade?

Abundante em força e totalmente plena porém, é a vida do homem símplice, que entra com a prática dos ancestrais, fortalecendo-se em disciplina, as vicissitudes da vida a ele não atemorizam, vive como homem, cai como homem, em honra, ciente que sua vida não é desperdiçada com prazeres vãos que são acessíveis a qualquer um, e que mesmos os animais tem em comum com os humanos, prazeres vulgares.

Os prazeres, justos e nobres do homem disciplinado, ele os tem em comum somente com outros homens tão nobres quanto ele. A maestria em uma arte, a vitória sobre um obstáculo hercúleo, o domínio sobre si, o conhecimento de si, a constância e resolução no cumprimento de seu verdadeiro eu, a perfeição do espírito e a obtenção da virtude e sabedoria.

Nada disso se pode comprar, nada disso é efêmero, nada disso é acessível ao homem vulgar. Somente o que se dispôs a grandes labores, e depois de ter feito grandes correrias, e se aplicado às magnas disciplinas, e longas contemplações.

Digo-te, cria tua rotina, teus exercícios, adira ferrenhamente a tais práticas, não percas mais dias pois os dias são escassos e os trabalhos para teu espírito são muitos, e triste será se a morte chegar antes que tenha sublimado tuas potencialidades, e tiveste gasto os seus anos e forças, na busca de simples prazeres vulgares que em si não encerram valor algum, nem podem ser o significado da vida.

Homotimos, se vos interessais, convido-vos a visitar minha página no twitter, pois que lá voltei a postar, e muito folgaria de entreter-me convosco, que sois nobres e justos:

sábado, 16 de maio de 2020

Medo

Não devo temer.  Medo é o assassino da mente. Medo é a pequena morte que traz obliteração total.  Eu enfrentarei o meu medo. Permitirei que ele passe sobre mim e através de mim.  E quando tiver passado, eu vou virar o olho interno para ver seu caminho.  Onde o medo desapareceu, não haverá nada.  Só eu permanecerei.

Litania Bene Gesserit, 

Frank Herbert, Duna

Te faz jazer na zona de conforto sempre, aniquila qualquer força viril do espírito, corrompe tua própria essência e te aparta da vida, como a natureza o intendera. No fim, o medo redunda na auto-preservação a qualquer preço, a aversão à dor, e o sequestro do espírito e a catividade deste eternamente ao plano material e suas consequências, incapaz de transcender a mesquinharia do prazer e dor terrenos, assim é o espírito preso pela ignorância de si mesmo, e da natureza como um todo, sem espírito de sacrifício nem por si nem por outros, somente pusilanimidade. O medo é o êmulo efêmero ctônico da sempiterna honra celeste. Mas tal qual o demônio que se cinge de ilusões para homiziar sua verdadeira natureza e fazer parecer o seu inverso, o medo aleivoso constrói químeras em tua mente e imagina a honra transcendente como algo totalmente imaginário e uma vil existência terrena como tudo o que há ou houve no universo. Somente o homem sábio e virtuoso consegue enxergar a realidade, mas eu to digo, como amigo, a coragem vale a pena é rara e tinge a vida do homem bom de variegados belos tons, o medo porém é somente uma imensa gradação de cinza e negro, ubíquos em todas as eras e lugares por onde viveram homens nada dignos se nota senão de piedade. Viver preparado e meditar na grande travessia, e ter ombridade quando a hora chegar. Eis o influxo de coragem.

Medo do próprio julgamento

Muitas vezes te coíbes, desacreditas de teus próprios sonhos, temes que os reveses façam tua consciência, de ti o maior algoz, mas de novo, quem é o locutor dos insultos e imprecações que contra ti em sua mente se lançam? Seriam o medo, a mesquinharia, a pequenez, o desejo de se contar entre os homens que são aprovados pelos valores contemporâneos? Porque ao invés não ouves o espírito!? Porque não segues os nobres e grandiosos exemplos dos antigos, nossos pais!? Porque o medo e o vício se alojam em ti, e o permites porque deles provêm prazer terreno, e essa é a grande batalha de todo homem, alijar-se das constrições do medo, e ser fiel a si mesmo, aos sonhos divinos, que são sempre bons, sempre virtuosos, que nos agraciam Deus e a natureza.

Os sonhos cobram um preço

Trabalhos, sacrifícios, determinação, grandes correrias, determinação, sangue, e por fim toda a vida. Não subtraia de ti essa grande jornada, não a deixe de trilhar, pois essa é a sua natureza, não deixe a idade avançada chegar e tudo o que pudeste fazer em teus verdes anos foi somente gozar prazeres carnais estupefacientes, embrutecedores e vis. Siga o caminho.

Necessidade da declaração

HEFESTO
 A linguagem que tu empregas vai bem com teu íntimo.

Prometeu Acorrentado, Ésquilo

Tua natureza exterior deve refletir tua natureza interior o máximo que puderes fazer. O espírito necessita expressão, e nossos tempos, são senão os mais vulgares de todas épocas. Imitar os costumes atuais é garantia de se perder. Em tudo deves ser diferente dos que vivem hoje, ao invés da vulgaridade escolha a nobreza, invés do comum escolha o raro, do fácil o difícil, do venal o merecido, da corrupção a virtude, em tudo siga a sabedoria antiga, para assim lançar as fundações de uma nova. O espírito necessita expressar-se, que essa expressão seja a mais nobre e reflita sua natureza.