sábado, 16 de maio de 2020

Medo

Não devo temer.  Medo é o assassino da mente. Medo é a pequena morte que traz obliteração total.  Eu enfrentarei o meu medo. Permitirei que ele passe sobre mim e através de mim.  E quando tiver passado, eu vou virar o olho interno para ver seu caminho.  Onde o medo desapareceu, não haverá nada.  Só eu permanecerei.

Litania Bene Gesserit, 

Frank Herbert, Duna

Te faz jazer na zona de conforto sempre, aniquila qualquer força viril do espírito, corrompe tua própria essência e te aparta da vida, como a natureza o intendera. No fim, o medo redunda na auto-preservação a qualquer preço, a aversão à dor, e o sequestro do espírito e a catividade deste eternamente ao plano material e suas consequências, incapaz de transcender a mesquinharia do prazer e dor terrenos, assim é o espírito preso pela ignorância de si mesmo, e da natureza como um todo, sem espírito de sacrifício nem por si nem por outros, somente pusilanimidade. O medo é o êmulo efêmero ctônico da sempiterna honra celeste. Mas tal qual o demônio que se cinge de ilusões para homiziar sua verdadeira natureza e fazer parecer o seu inverso, o medo aleivoso constrói químeras em tua mente e imagina a honra transcendente como algo totalmente imaginário e uma vil existência terrena como tudo o que há ou houve no universo. Somente o homem sábio e virtuoso consegue enxergar a realidade, mas eu to digo, como amigo, a coragem vale a pena é rara e tinge a vida do homem bom de variegados belos tons, o medo porém é somente uma imensa gradação de cinza e negro, ubíquos em todas as eras e lugares por onde viveram homens nada dignos se nota senão de piedade. Viver preparado e meditar na grande travessia, e ter ombridade quando a hora chegar. Eis o influxo de coragem.

Medo do próprio julgamento

Muitas vezes te coíbes, desacreditas de teus próprios sonhos, temes que os reveses façam tua consciência, de ti o maior algoz, mas de novo, quem é o locutor dos insultos e imprecações que contra ti em sua mente se lançam? Seriam o medo, a mesquinharia, a pequenez, o desejo de se contar entre os homens que são aprovados pelos valores contemporâneos? Porque ao invés não ouves o espírito!? Porque não segues os nobres e grandiosos exemplos dos antigos, nossos pais!? Porque o medo e o vício se alojam em ti, e o permites porque deles provêm prazer terreno, e essa é a grande batalha de todo homem, alijar-se das constrições do medo, e ser fiel a si mesmo, aos sonhos divinos, que são sempre bons, sempre virtuosos, que nos agraciam Deus e a natureza.

Os sonhos cobram um preço

Trabalhos, sacrifícios, determinação, grandes correrias, determinação, sangue, e por fim toda a vida. Não subtraia de ti essa grande jornada, não a deixe de trilhar, pois essa é a sua natureza, não deixe a idade avançada chegar e tudo o que pudeste fazer em teus verdes anos foi somente gozar prazeres carnais estupefacientes, embrutecedores e vis. Siga o caminho.

Necessidade da declaração

HEFESTO
 A linguagem que tu empregas vai bem com teu íntimo.

Prometeu Acorrentado, Ésquilo

Tua natureza exterior deve refletir tua natureza interior o máximo que puderes fazer. O espírito necessita expressão, e nossos tempos, são senão os mais vulgares de todas épocas. Imitar os costumes atuais é garantia de se perder. Em tudo deves ser diferente dos que vivem hoje, ao invés da vulgaridade escolha a nobreza, invés do comum escolha o raro, do fácil o difícil, do venal o merecido, da corrupção a virtude, em tudo siga a sabedoria antiga, para assim lançar as fundações de uma nova. O espírito necessita expressar-se, que essa expressão seja a mais nobre e reflita sua natureza.

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