terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Conteúdos de entretenimento

Há 15 anos atrás, eu peremptoriamente parei de assistir televisão, tudo nesse meio me agastava, os comerciais de 30 em 30 minutos, falsos esmoleres com seus circos midiáticos sobre a desdita de algum infeliz, as formas de entretenimento baixas, vulgares, mais além, eu não me identificava com nada do que eles mostravam... A lassidão dessa forma de mídia vil, eu a sentia cada vez mais pungente.

Querendo escapar dessa fealdade, busquei outros lenitivos para o prurido em minha mente por entretenimento, uma das causas da queda do nosso mundo moderno, a busca continua por estar entretido. Encontrei-o então na internet.

Lá, via gente como eu sendo mostrada, ideias inauditas propaladas, um manancial de liberdade longe dos olhos do vulgo. Pudera eu finalmente, identificar-me, controlar os conteúdos que chegavam a mim, impugnar a propaganda a que era exposto.

Agora, no entanto, vejo que  tudo isso rui ante o peso dos colossos corporativos, e todas as execrandas coisas que outrora fizeram-me abandonar a TV, todas estão presentes na internet atualmente. A turbamulta de censores puritanos, que guardam com sanha visceral a sacralidade dos valores modernos contra qualquer possível blasfêmia, que nós, os "não-iluminados", incultos, retrógrados, possamos excogitar. A quantidade nefanda de comerciais vertida em cada vídeo que assistimos, se na TV o intervalo entre as propagandas era de 30 minutos, nas plataformas de vídeo são de 5. Um predicamento tenebroso a todos que desejam entreter-se de tal modo.

Irmãos, não deixemos que essas mídias de massa conspurquem nossas mente, já fugimos delas antes, fujamos novamente! Fugimos porque a batalha da vulgaridade não é uma à qual valha a pena lutar. E, mesmo que lutássemos e vencêssemos, que ganharíamos com isso? Um modo mais apetecível de entorpecer a mente e desperdiçar tempo?! Não, nós já homens, não podemos pensar desse modo, não podemos querer preservar os grilhões da mídia de massa que nos escravizam, e nos enchem com a doce narcose do escapismo!

Que nosso entretenimento seja sóbrio, como nossa mente! Os livros sempre foram o modo mais salutar de entretenimento, não há censuras, nem propagandas, nem proselitistas insidiosamente querendo imiscuir ideias em nosso subconsciente. Apascente tua mente no maná livresco, onde homens insignes e santos falam diretamente a vós no elo indefectível da inteligência, onde antes mediteis em vossos problemas ao invés de esquecê-los. E que vossos espíritos sempre enxutos do torpor mídiatico, possam volitar à ação que deve ser sempre sequitur das ideias.

sábado, 5 de dezembro de 2020

2020

Um ano cheio de percalços, tribulações e desditas, mas ao contrário de outros, não serei leviano ao atribuir tais calamidades ao fado. Não, fora eu meu próprio guia para a escuridão, eu o artífice de meu decaimento, descendo ao tétrico sorvedouro onde minha alma sofre em agonia, por perder-se, esquecer-se de si e corromper-se miseravelmente, escrava dos sentidos e de minha mente irracional ávida por prazeres obliterando-se.

Houveram oportunidades para reflexões sobre nossa condição humana e a aquisição de alguma sabedoria.

E para não dizer que foi um ano ignominioso por completo, houve sim uma ascensão, que foi quebrada e então deu inicio a precipitação.

Comecemos pela precipitação e consequentes desvegonhas.

É preciso confessar, não venci os vícios da gula e da luxúria, ou talvez os tenha vencido mas foi temporariamente.

Luxúria, azorrague esbraseante que aflige o coração dos homens, escurece a alma, deturpa num significado vil o mais sacro ato de amor entre homem e mulher, o próprio ato da concepção, criação de vida, corrompido num mero ato estéril de concupiscência e egoísmo, defraudando qualquer nobreza imbuída aí pela natureza. Que esse vício seja desarraigado de meu ser, pois para mim é sevícia tenebrosa viver nessa Babilônia, e que dor mais pungente participar disso, cego pelo frenesi de meu sangue abrasador. Meu coração contrito sofre profundamente.

Rogo a Deus por uma boa esposa, a quem possa amar e constituir família.

A gula, signo patente do homem remisso, amador de prazeres, um dos vícios mais deletérios, destrói a saúde e a alma. Oferece-nos, não obstante, um exemplo diserto, de como o pecado é, se por um lado as comidas naturais com seu sabor sóbrio alimenta e constrói nossos músculos e ossos, por outro, as comidas artificiais, insalubres, oferecem aos cachões sensações várias, deleitosas, mas que nos enfraquecem, depletam nossa saúde, encurtam nossos anos, mais ainda, cobrem de fealdade o templo de nossa alma, o nosso corpo. Tudo em troca de sensações fugazes, uma fuga da realidade através do prazer dos sabores.

Prefira o alimento que contenha a vida ao invés de tua destruição, a sobriedade é preferível a intensidade.

Assim eu confesso, Deus há de alçar-me de toda essa iniquidade, Ele conhece os recônditos de meu coração. Está comigo, não me abandonará.

Esse ano outrossim adquiri alguma sabedoria como consequência de eventos fatídicos. Nomeadamente, perdi um ente querido.

Fez-me pensar em como erramos pelas eiras da mortalidade, preocupando-nos apenas conosco, negligenciando nosso deveres afetivos, ignorando quem nos causa fastio, exigindo perfeição, nós imperfeitos. Como as pessoas estão cada vez mais frias, como se importam pouco com os outros.

Como o cálido sentimento de amizade é dos mais valiosos e puros, símbolo da virilidade castiça. Quem tem amigos tem tudo que precisa, quem tem uma comunidade, tem raízes, e não é derrubado tão fácil pelos demônios modernos.

Hoje somos escalpelados, se demonstramos nossa humanidade, temos de viver segundo os padrões ditados pela mídia, pseudovalores, dissoluções, sinalização de virtudes e corrupção da alma, a sociedade atual não quer que tu pertenças a grupo algum, senão aqueles aprovados pelo sistema, os politicamente corretos, se não pertencer a esses, eles querem que tu sejas somente um "indivíduo" sem face, sem história, um bom consumidor.

Voltando a meu aprendizado de humanidade, eu creio que perdi um pouco a recalcitrância em demonstrar sentimentos benévolos, a apreciar as pessoas e suas qualidades, a aplaudir, a elogiar sem a pestífera solércia de alguém que busca algo em troca ou tem outro fim ulterior.

Minha alma tornou-se mais afável e agradeço a Deus por ver o erro de meus caminhos de antanho, nesse sentido, tornei-me mais humano.

Diante de tal elocução, devo também reconhecer que nem tudo foram trevas, busquei alteroso os ares excelsos e quase consegui. Antes da fraudemia fechar as academias, tinha vencido a gula e graças aos treinos corporais atingia a melhor forma física de minha vida. Atingia a disciplina também para estudar a sério um livro que há muito desejava. Tudo isso durou até junho. Daí em diante despenhei-me numa voragem descendente que conduziu-me ao oblívio que estou hoje, mas tenho saúde, tenho sabedoria, sei o que devo fazer, a virtude é tangível para mim, e para ti também nobre leitor que dignou-se a ler este humilde texto até aqui, Deus está contigo e te dará forças e virtudes para materializar a visão de tua alma nesse plano material, acreditemos na vitória e confiemos.

Salve Deus!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

A hora da decisão

Já sentiste arrependimento de uma decisão tomada? Digo, uma decisão consciente e ponderada, com base nas informações que dispunhas a época?

Se sim, não deverias. Mesmo que os resultados tenham sido catastróficos, se foi uma decisão racional e com base em tua intuição, então é uma decisão que jamais poderia ter sido outra senão a que escolheste.

Num sentido metafísico, é possível ver as decisões mesmo como uma parte intrínseca de seu ser, algo escrito em seus genes, afinal nenhum ser humano jamais possuirá todas as informações para tomar a decisão mais adequada em determinado momento. Muitas vezes contamos somente com nossa intuição, uma sugestão para uma escolha vinda propriamente da alma, mesmo nas menores questões. 

Decidir, e assumir a decisão, é imensamente mais probo que esconder-se, ou fingir ignorância, ou esperar que os outros decidam por ti.

Mais ainda, não deves envergonhar-te de ter seguido teus instintos e a sugestão de tua alma, tolos poderão vir a censurar-te por uma decisão não muito acertada. Mas decidiste-te, isso é o que importa, sem indecisão, tomaste a frente e trouxera à baila, tua alma, teus instintos. Não há motivo para vergonha. Se caíste por causa da decisão levanta-te, e continues a decidir-te sem medo, seguindo tua consciência, de acordo com teus genes, tua alma.

Pior que uma decisão errada é ter medo de decidir, é permitir que a paralisia da indecisão rasteje para dentro de seu coração, e deixar que outros decidam e tomem as rédeas de teu destino, e decidam por ti.

Teus dias na terra estão contados, em breve partirás, seja em 10 ou 60 anos, o tempo nosso bem mais precioso, escasso, para que não trabalhemos em materializar nossos sonhos e projetos de alma aqui nesse plano material, fazendo isso tornamos o mundo belo e bom, pois o que advém do espírito é sempre bom, se não o é, significa que há uma corrupção ou ilusão.

Construa a visão de sua alma no mundo terreno, torne o mundo melhor, essa visão que tu segues, que ela esteja em tua mente sempre, que ela seja a razão das escolhas que tu fazes hoje, que ela seja o magneto que te atrai para o futuro através de uma senda virtuosa de significado e propósito, o teu propósito é o propósito de tua alma, lute por isso e jamais envergonhe-te dessa luta e das decisões tomadas nessas batalhas.