quinta-feira, 9 de julho de 2009

Abstração

(Aviso: Pieguice e sentimentalismo exacerbado, alguns podem desgostar.)

Fui pagar uma conta no centro comercial.

Na fila do caixa eletrônico, meus olhos percorriam o lugar, numa abstração própria a que me dedico quando se trata de assuntos inferiores como dinheiro.

Então paro em uma bela senhorita que almoça na mesa de um restaurante próximo.

Não percebi, mas era ela.

Não a via há muito tempo, mais do que eu gostaria.

E subitamente os humores começaram a condensar-se em meu peito, e meus pensamentos não passavam de um borrão. Ela tem esse efeito em meu espírito, até hoje não consigo entender isso, mesmo sem vê-la há tanto tempo.

E meus olhos fixaram-se naquele ponto celestial entre as trevas que rodeavam o mundo moderno.

Talvez esse fosse o sentimento dos ultraromânticos brasileiros quando sorviam nesses laivos de poesia que ocasionalmente a realidade nos outorga em forma de mulher, quero dizer, para os que tem a (in)felicidade de vislumbrar nos suaves contornos de um rosto feminino,algo que inspire tamanho poder sobre si.

Talvez certas belezas não sejam feitas para a fruição alheia, que não a dos Deuses.

Se esse for caso, ai de mim, pesado é o fardo que me aguarda.

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