segunda-feira, 12 de outubro de 2020

O deserto

Jesus errou pelo deserto 40 dias, essa austeridade a vemos comumente praticada pelos sábios e ascetas ao longo da história. Antão, Milarepa, Gautama, Bodidarma, entre outros.

E não há melhor meio de purificar-se, enfrentar o próprio reflexo, higienizar-se mentalmente, do que retornar a natureza, estar na profunda solitude, nas brenhas eternas onde nossos ancestrais passavam inevitavelmente horas em contemplação ativa. Com a mente focada, una. O passo de seu ritmo mental era vagaroso, seletivo, e permanecia por horas a fio na resolução de um problema, ou no estudo da própria alma.

Os demônios que se levantam da escuridão de nosso inconsciente. Nos ermos eles não tem poder. Nas vastidão agreste onde estamos sós em contemplação, os demônios vem nos tentar, como tentaram Jesus e os outros. Mas estando sós, sem distrações, em contemplação, adquirimos o poder de derrotá-los, pois na vastidão nada há além de nós, nossa alma impoluta, e Deus. Os demônios perdem seu poder, e o homem consegue enxergar a natureza ilusória de seu poder mais claramente.

Como Siegfried ao derrotar o dragão Fafnir, o homem que derrota seu ego retoma o controle de sua mente e torna-se invulnerável às vicissitudes do mundo, impérvio aos assaltos das ilusões da consciência, assim como Siegfried tornara sua pele invulnerável ao banhar-se no sangue do dragão.

Mais facilmente nos ermos enfrentamos nossos dragões, por horrorosos que possam ser, são ilusões sem poder, se os vermos através dos olhos de nossa alma, nosso verdadeiro Eu, despido das cracas dos vícios e pecados que se acumularam pelos anos, veremos que nosso espírito se agiganta perante todas as ilusões e as destrói, se por ele passamos a viver e agir.

Deus está conosco, se escolhermos a virtude.

Nenhum comentário:

Postar um comentário