quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Se tu és um homem saudável, tens o dever de preservar-te

Se tu és um homem saudável, tens o dever de preservar-te, a saúde enquanto pode-se desfrutá-la é uma dádiva dos céus, e é muito trágico ver pessoas trilhando o caminho da autodestruição hedonista, algo que nossa sociedade incentiva.

Fomos feitos para florestas agrestes, planícies infinitas sob firmamentos desabridos, o ar transcendente da montanha e a doce maresia das benévolas praias de nossa terra.

O contato com a natureza nos banha nas leis sempiternas às quais todos estamos submetidos na condição de mortais, nos lembra que nossa vida acabará em breve, mas ao mesmo tempo nos incita à vida verdadeira, queimar a nossa vida com a flama da vontade, imprimindo no mundo por pouco que seja a realização de nosso verdadeiro Eu. A verdadeira alma.

Como Nietzsche dissera; escrever o poema de nossa vida com sangue. Ou seja, a entrega total a própria natureza, o sangue como símbolo da individualidade perfeita e essência do homem, o fluído vital, um sangue forte que se inflama nas veias e traz ação ao mundo, traz o verdadeiro espírito do homem à luz da terra. O símbolo da unidade de seu ser.

A dissolução é o contrário, é o símbolo máximo da nossa era, a dissolução contra a qual devemos lutar, quando perdemos nossa essência, quem realmente somos, nossa visão embaciada pelos confortos e distrações, o sangue se torna aguado, a vontade se dissipa, a verdadeira natureza obliterada.

O conforto como arma de dissuasão. Tudo que o sistema oferece em profusão, entretenimento eterno. O homem se entretém não só das suas preocupações, ao buscar isso, ele se entretém de si mesmo, a mente estando nessa situação precária de torpor espiritual, revolta-se, e assim constatamos as altas taxas de doenças mentais no mundo moderno, suicídios... Não são doenças em si, mas sintomas, um modo da mente dizer "homem, abandona esse estilo de vida doentio, sê fiel a ti mesmo".

A dissolução da verdadeira natureza, do Eu, é a arma pela qual a cultura moderna desarma o espírito do homem, e o integra a massa conforme. 

À lúrida sedução dos vícios e confortos modernos, a esse canto nefasto das sirenes, ao qual Odisseu tivera de se amarrar no mastro de seu navio para não ceder, isso também um símbolo. À mórbida dissolução através do prazer, poucos homens tem a hombridade de resistir. Seja um daqueles que escreve a vida com seu próprio sangue, a morte não parecerá mais tenebrosa.


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