quarta-feira, 21 de março de 2012

Das Schicksal



Houve mora na tradução deste poema, pelas seguintes causas:

1. Dos termos arcaicos, em desuso ou com ortografia diferente do alemão atual, 

2. Do caráter poético no processo de convergência ao português.

Pelo que pesquisei na internet, não há nenhuma tradução deste poema tanto para o inglês quanto para o português, portanto essa é a primeira vez que esse poema é traduzido para o português, pelo menos no ambito digital. Excertos desse poema são usados na canção de mesmo nome da banda Bielorussa Svalbard, realcei de vermelho as partes que são usadas na música, no video acima a canção começa no minuto 3:00. "Das Schicksal" significa "O destino".


Das Schicksal.

Προσκυνουντες την ειμαρμενην, σοφοι.
Aeschylus.


Als von des Friedens heil’gen Thalen,
Como se da concórdia os sacros vales,
Wo sich die Liebe Kränze wand,
Onde o amor coroara-se em suas muralhas,
Hinüber zu den Göttermahlen
Pelo qual o néctar dos Deuses,
Des goldnen Alters Zauber schwand,
Nos encantos de antanho esvanescem,
Als nun des Schicksals eh’rne Rechte,
Apenas do destino o granítico direito,
Die große Meisterin, die Noth,
A grandiosa mestra, a angústia,
Dem übermächtigen Geschlechte
Que a toda criatura vivente impinge
Den langen, bittern Kampf gebot:
A mais longa e renhida peleja:


Da sprang er aus der Mutter Wiege,
Ali ele saltou do berço materno,
Da fand er sie, die schöne Spur.
Ali ele os encontrou, os belos traços.
Zu seiner Tugend schwerem Siege,
Das suas virtudes a difícil vitória,
Der Sohn der heiligen Natur;
O filho da sacra natureza;
Der hohen Geister höchste Gabe,
Dos altos espíritos o mais insigne condão,
Der Tugend Löwenkraft begann
A virtude da força leonina nascida
Im Siege, den ein Götterknabe
Em vitória,  essa criança dos Deuses
Den Ungeheuern abgewann.
Das potestades hauriu.


Es kann die Lust der goldnen Ernte
Como o deleite benfazejo das colheitas douradas
Im Sonnenbrande nur gedeih’n;
Que apenas florescem sob os cálidos raios de sol;
Und nur in seinem Blute lernte
Também apenas em seu sangue aprendera,
Der Kämpfer, frei und stolz zu seyn;
O lutador a ser orgulhoso e livre;
Triumph! Die Paradiese schwanden,
Triunfo! O paraíso deslinda-se,
Wie Flammen aus der Wolke Schoos,
Como a flama do seio das nuvens,
Wie Sonnen aus dem Chaos, wanden
Como a luz, das trevas, ergue-se o herói
Aus Stürmen sich Heroen loß.
Das negras borrascas vindouras.


Der Noth ist jede Lust entsprossen,
A agonia é o desejo que emana,
Und unter Schmerzen nur gedeiht
E temperado sob a dor prospera,
Das Liebste, was mein Herz genossen,
O mais dileto, em que meu coração regozijou,
Der holde Reiz der Menschlichkeit;
O doce encanto da humanidade;
So stieg in tiefer Fluth erzogen,
Então avança contra as mais altas marés,
Wohin kein sterblich Auge sah,
Onde jamais olhos mortais contemplaram,
Stillächelnd aus den schwarzen Wogen
Num sorriso plácido, das negras vibrações
In stolzer Blüte Cypria.
Mais orgulhosa floresce Afrodite.


Durch Noth vereiniget, beschwuren
Entre as angústias conjuradas, evocadas
Vom Jugendtraume süß berauscht,
Dos doces sonhos de uma juventude ébria.
Den Todesbund die Dioskuren,
Dos píncaros da morte, os Dióscuros,
Und Schwerd und Lanze ward getauscht;
E permutaram espadas e lanças.
In ihres Herzens Jubel eilten
Em seus corações um frêmito de alegria
Sie, wie ein Adlerpaar, zum Streit,
Eles, como um par de águias, à batalha.
Wie Löwen ihre Beute, theilten
Como os leões as suas presas, dividem
Die Liebenden Unsterblichkeit. —
Os enamorados a imortalidade.


Die Klagen lehrt die Noth verachten,
Os clamores ensinaram a desprezar as angustias,
Beschämt und ruhmlos läßt sie nicht
A ignomínia e o opróbrio não os tolhiam.
Die Kraft der Jünglinge verschmachten.
As forças da juventude evanescente.
Giebt Muth der Brust, dem Geiste Licht;
O peito outorgara coragem, a alma, luz;
Der Greise Faust verjüngt sie wieder;
O punho vestuto neles rejuvenece;
Sie kommt, wie Gottes Blitz, heran,
Eles vieram, num lampejo divino, avante,
Und trümmert Felsenberge nieder,
E demoliram montanhas,
Und wallt auf Riesen ihre Bahn.
E percorreram assim sua colossal senda.


Mit ihrem heil’gen Wetterschlage,
Com suas sacras borrascas,
Mit Unerbittlichkeit vollbringt
Com suas gestas inexoráveis,
Die Noth an Einem großen Tage,
A dor de um dia supremo,
Was kaum Jahrhunderten gelingt;
Com trabalhos em um século venceram
Und wenn in ihren Ungewittern
E quando em suas intempestividades
Selbst ein Elysium vergeht,
Por si mesmos subiram aos Elísios
Und Welten ihrem Donner zittern —
E mundos que seus trovões estremeceram
Was groß und göttlich ist, besteht. —
De grandeza e divindade constituidos.


O du, Gespielin der Kolossen,
Oh tu, amiga dos colossos,
O weise, zürnende Natur,
Oh sábia, furiosa Natureza,
Was je ein Riesenherz beschlossen,
Que decidira, um valoroso coração,
Es keimt’ in deiner Schule nur;
Germinar em teus discipulos apenas;
Wohl ist Arkadien entflohen.
Naqueles que de Arcádia fugiram.
Des Lebens bessre Frucht gedeiht
Os mais vicejantes frutos da vida floresceram
Durch sie, die Mutter der Heroen,
Através dela, a mãe dos Heróis,
Die eherne Nothwendigkeit. —
A bélica inquietude.


Für meines Lebens goldnen Morgen
Pelas áureas manhãs de minha vida,   
Sei Dank, o Pepromene, dir!
Graças sejam dadas a vós, ó Pepromene!
Ein Saitenspiel und süße Sorgen
Notas maviosas e doce inquietude
Und Träum’ und Thränen gabst du mir;
E sonhos e lágrimas tu me deste;
Die Flammen und die Stürme schonten
As flamas e os ímpetos bravios aquartelam
Mein jugendlich Elysium,
Meu juvenil Elísio,
Und Ruh’ und stille Liebe thronten
E a paz e o sereno amor soberanos
In meines Herzens Heiligthum.
Na santidade do meu coração.


Es reife von des Mittags Flamme,
Temperado nas chamas do meio-dia,
Es reife nun vom Kampf und Schmerz
Provado pela dor e pela batalha
Die Blüth’ am gränzenlosen Stamme,
O florescer de uma valorosa estirpe,
Wie Sprosse Gottes, dieses Herz!
Como a semente divina, nesse coração!
Beflügelt von dem Sturm, erschwinge
Insuflado pela tempestade, eleva-se
Mein Geist des Lebens höchste Lust,
Minha alma às mais altas aspirações da vida,
Der Tugend Siegeslust verjünge
O virtuoso fervor rejuvenescido
Bei kargem Glücke mir die Brust!
Pelo austero porvir em meu peito!


Im heiligsten der Stürme falle
Na pureza da tempestade destruidora
Zusammen meine Kerkerwand,
Esboroam-se também as muralhas da minha prisão
Und herrlicher und freyer walle,
E soberana e altiva,
Mein Geist in’s unbekannte Land!
Minha alma voga pelas paragens desconhecidas!
Hier blutet oft der Adler Schwinge;
Amiude aqui sangraram as asas do falcão;
Auch drüben warte Kampf und Schmerz!
E além, onde residem a luta e dor!
Bis an der Sonnen lezte ringe,
Até os ulteriores círculos solares,
Genährt vom Siege, dieses Herz.
Alimentado pela vitória, esse coração.


Hölderlin.

Nenhum comentário:

Postar um comentário