segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A vaca

No transcorrer do dia os artilheiros americanos tornaram-se cada vez mais impertinentes. Primeiro destruíram a canhonaços um local muito concorrido, cuja porta possuía um buraco em forma de coração. Depois foi a vez do estábulo, onde havia uma velha vaca que foi ferida numa pata traseira. Isso, entretanto, foi uma circunstância feliz, pois até então não tivéramos coragem de matar o animal e naquele momento apareceu a oportunidade para faze-lo sem que ficássemos com a consciência pesada. Colocamos na porta do estábulo o correspondente vale de requisição para que o proprietário da casa e dono da vaca, que tinha fugido, recebesse a indenização correspondente. É curiosa a sensação que se tem quando dispomos de um olho só. A direção e a distância não podem ser precisadas com a mesma exatidão de quando se dispõe da visão normal. Além disso, um verdadeiro entorpecimento parece apoderar-se de nosso organismo. Por este motivo não saía muito de "casa". A fim de ganhar tempo, preparamos os dados de tiro para o grupo de artilharia que nos prometeram. Nossos grupos de reconhecimento tinham localizado as posições de várias baterias americanas e por isso ficamos contentes, pois logo poderíamos replicar convenientemente sua enfadonha insistência.

Otto Skorzeny, Memórias, Capítulo 26, Pg. 196, Tomo II, Editora Bibliex.

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