quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Aqui [2]

Todo esse vento puro que sopra em minha alma, inoculando vigor em meus membros cansados, essa vontade de liberdade que me instiga as últimas conseqüências, põe-me a andar nessas sendas, nos caminhos pelos vicejantes vales, onde encontro-me em cada seixo, cada filete d'água, no chilreio das aves, nas flores do cerrado, nos troncos tortuosos, minha alma reside nessas trilhas, estas terras e eu, somos um.

O sol outorga-me suas bençãos nessas viagens lançando sobre mim seus cálidos feixes por entre as nuvens auri-róseas do arrebol, nessas horas místicas do renascimento do mundo após as trevas noturnas, Deus se achega aos homens, e sussurra em suas almas palavras obscuras, decifráveis apenas pelos códigos da natureza, que os homens tolamente obliteram pela superficialidade do mundo técnico moderno, os homens não mais ouvem suas próprias almas.

Contemplando essa imensidão, parece-me, não sei ao certo, que consigo já ouvir os vagalhões do oceano que aqui existira, troar rebentando contra essas muralhas rubras, cinzelando essas pétreas formas artísticas que a providência aprouve perfazer. Sim, minha mente também rola pelas superfícies desse oceano fantasma como uma potente vaga! Milhões de anos nos apartam, ainda assim me sinto embebido nas vastidões deste monstro onde em espírito decidi-me imergir.

As forças que irradiam dessa terra vermelha pervadem meu ser, confluindo-se nessa força irresistível, que atrai-me, possui-me, e preso nessas espirais ascendentes, cedo meu destino a essas montanhas invencíveis, que se elevam e se impõe soberbas e altaneiras, pois também eu sou uma delas, porque nós somos um.

Nenhum comentário:

Postar um comentário