segunda-feira, 17 de junho de 2019

Como lágrimas na chuva



Nós não podemos como terceiros ou seres estranhos avaliar o quanto as experiências de vida valem para cada indivíduo. Não somente as que acontecem no mundo material, mas também no reino da mente, experiências por vezes totalmente subjetivas, fruídas por ninguém mais além de nós mesmos.

Ter de explicar a outra pessoa a beleza e o deleite dessas experiências seria debalde, e o quanto para nós elas são caras, e como de certa forma ajudaram na criação de nossa personalidade.

Quem poderia entender? Quem poderia admirar conosco?

E de fato com o fim de nossa existência todas essas experiências serão perdidas, como lágrimas na chuva.

Mas não seria essa chuva senão as lágrimas das experiências de nossos antepassados? E que para nós experienciarmos hoje, necessariamente teria de ter havido a dissolução das mais belas experiências daqueles antes de nós? E que a nossa dissolução seja necessária para que outros no futuro possam deleitar-se com suas próprias, não é o justo? A natureza não age com hombridade desse modo?

Eu creio que sim.

E creio que o fato de que nossas experiências mais recônditas, caras, belas e nobres se "perderão"(na verdade se transformarão) seria de certo modo uma peroração da natureza a vivermos amplamente as experiências que valem a pena serem vividas na terra, na medida em que podemos vivê-las.

O encontro com Deus na oração ou meditação, o contemplar absorto entre as montanhas, o influxo de energia vital logo antes de o sol nascer na brisa matinal, uma amizade sincera, a sinergia entre duas almas no amor puro, e várias outras.

Por nobres e excelsas que são se distinguem da vulgaridade sensorial em que somos bombardeados hoje em dia. São experiências que constroem nossa alma e mente. E o fato delas se perderem com a dissolução de nosso corpo material não as diminuem, antes aumentam seu valor e como devemos vivenciá-las ante a iniquidade de nosso tempo.

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