sexta-feira, 1 de maio de 2015

O poder da personalidade na guerra II

"...A atitude de Frederico com relação ao Estado explica a base moral de sua ambição. No caso de Napoleão, a França era um mero brinquedo para a realização dos seus planos de engrandecimento pessoal, os quais eram ilimitados. Com relação a Frederico, entretanto, na época da Segunda Guerra Silesiana, ele pensava apenas em manter o que havia conquistado, e na Guerra dos Sete Anos, sacou a espada com relutância e somente com o intuito de prevenir um ataque inimigo. Sua louvável ambição, onde o Estado vinha sempre em primeiro lugar, foi a base daquela ação incomparavelmente arrojada, a qual já observamos. Suas próprias palavras, "Viver, pensar e morrer como um rei", nos fornecem a chave para toda sua vida; e foi somente essa determinação que tornou-lhe possível progredir frente a toda Europa, com a total determinação de não sobreviver a um desastre. Com relação a isto, ele contrasta acentuadamente com Napoleão, que não apenas sobreviveu ao colapso de seu poder, mas que, após ver a morte de perto em tantas batalhas, revelou-se um mero aventureiro procurando desprezivelmente salvar a própria vida após sua primeira queda." ~ Hugo von Freytag-Loringhoven, O poder da personalidade na guerra, capítulo 6.

"Uma mente forte não é apenas aquela capaz de ser exercida com vigor. É aquela que em meio ao mais vigoroso dos exercícios consegue manter um equilíbrio de modo que, a despeito do tumulto interno, o poder de decisão e de discernimento mantém-se tão firme quanto a agulha de uma bússola, que, apesar da agitação do navio, mantém a sua precisão." ~ Carl von Clausewitz, Da guerra, volume I, capítulo 3.

"Não é necessária nenhuma grande exibição de força de vontade desde que as tropas lutem com entusiasmo. Quando, porém, as coisas começam a ficar difíceis, onde resultados excepcionais tem de ser obtidos, a força de combate perde as características de uma máquina bem lubrificada. Começa a surgir o desgaste, e é necessária uma grande determinação por parte do chefe para superá-lo. Este desgaste não é caracterizado por uma desobediência e resistência verdadeiras, embora estas possam aparecer em certos indivíduos. Ele é, antes de tudo, o efeito coletivo do enfraquecimento da força física e moral, da dolorosa visão do sacrifício de vidas que o chefe deve combater em si mesmo, e, depois, em todos os outros que, de forma mediata ou imediata, passam-lhe todos os seus sentimentos, cuidados e esforços. Quando a força dos indivíduos começa a fraquejar e não mais pode ser estimulada segundo a vontade dos mesmos, a inércia conjunta resultante cai de forma mais e mais pesada sobre os ombros do chefe. Com o fogo que arde em seu coração e a força da sua própria determinação, ele deve despertar novamente o entusiasmo e a esperança em todos os outros. Fazendo isso, ele mantém suas ascendências sobre as massas e permanece seu senhor.

Porém, quando sua coragem deixa de ser forte o bastante para afirmar a coragem dos outros, aí então o peso da massa o arrasta para o mesmo nível em que esta se encontra, para as profundezas de uma mera natureza animal, que recua ao medo e não sabe o que é vergonha. Estes são os fardos que a coragem e a força de vontade do chefe tem de carregar durante a ação, caso ele deseje realizar algo de valor. Uma vez que estes fardos aumentam segundo o escalão de comando, uma elevação correspondente de resistência deve acompanhar cada aumento de posto do chefe." ~ Carl von Clausewitz, Da guerra, volume I, capítulo 3.

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