domingo, 29 de maio de 2011

Monstro

Que posso fazer, enfim, se serpenteastes nas brechas de meu coração, enquanto meus pensamentos encontravam-se obtusos nas plagas inferas do abismo, e fizeste-te Leviantã na madrugada de meus reinos, apenas para eu encontrar-te pelo arrebol, um monstro deveras, que com sua flama devorou avidamente tudo que havia em meu espírito, e tornaste meu peito tão pesado, que o mero respirar torna-se dor excruciante.

Monstro que tudo oblitera, até que nada mais exista senão vós mesmo.

E orfão, desamparado e estupefato, deixas os desgraçados que acontecem de cair sob suas pesadas garras devoradoras. Uma incompletude eterna. Ensinas o mal como caminho, arrasta-me por estas sendas obscuras, com a alma rota e o corpo estropiado, erro qual andarilho, com o estomâgo constantemente fustigado por essa fome malevolente, ocasionalmente encontro mão amiga que ma sacia, raramente...

Sangue e espinhos, nada mais me espera, por esses campos brutais de morte, a angústia eterna, torcendo minha existência nas trevas da ignorância e dor, os demônios regozijam-se, são eles minha única companhia nesta catividade terrena, oferecem-me o paliativo de doces feições mas amargo beijo, eu posso em rompantes de fúria levantar a espada contra tais demônios, e aniquilar alguns deles, mas não todos, alguns são-me diletos nessa bruta estrada.

Mas tu monstro, permaneces lá, monumental, inexorável, além de mim, gostaria poder estripar-te, porém, já te encontras fora de meu poder, efetivamente, desde sempre foste parte de mim, pervades meu espírito e já cultivas tuas raízes daninhas em minha alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário